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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Jogos de azar

Defensores dos cassinos precisam respeitar a inteligência do brasileiro

Imagem ilustrativa. (Foto: TheAndrasBarta/Pixabay)

Na quarta-feira, por placar apertado na Comissão de Constituição e Justiça, 14 a 12, avançou no Senado o projeto de lei que abre o país para cassinos, bingos, jogos de azar em geral, inclusive o jogo do bicho. É um projeto de 1991, já tem mais de 30 anos; apesar do lobby forte, andou devagar. Eu fiz as contas aqui, seriam 43 cassinos no Brasil: um em cada estado, três em São Paulo, dois no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e mais outro estado, e dez em navios por aí, pode ser no Rio Amazonas, no Rio São Francisco ou na costa brasileira. Jogo do bicho, bingos e cassinos - todos jogos de azar, que estão proibidos na Lei de Contravenções Penais. Está lá a definição: “jogo de azar é todo aquele cujo resultado dependa da sorte”. Se vocês derem uma olhada aí na língua portuguesa, tanto azar e sorte são obras do acaso.

Lembro que nos anos 90 vinham lobistas de Las Vegas trabalhar pela aprovação. Aliás, o senador Eduardo Girão, que é um adversário dos jogos de azar, lembrou que vai ser capital estrangeiro, que não vai criar tanto emprego quanto se diz. O que isso vai criar, sim, são desgraças na família, as famosas desgraças do jogo, de quem perde tudo no jogo. Costumo dizer que nunca joguei na minha vida, sempre apostei em mim. E quem faz isso ganha sempre: em primeiro lugar, porque economiza o dinheiro da aposta; e, em segundo lugar, porque, apostando em si, a pessoa se prepara para o amanhã.

Quem defendeu o projeto foi o próprio relator, o senador Irajá, do Tocantins, que é filho da ex-senadora Kátia Abreu, é um jovem de 41 anos. Ele disse que a aprovação vai atrair R$ 44 bilhões em investimentos, vai criar 700 mil empregos e vai dobrar o número de turistas no Brasil. Disse, ainda, que será criada uma política nacional para prevenir e tratar o vício em jogos. Tão ingênuo com 41 anos. Poupe-nos, senador: se o Brasil pudesse criar uma política que tratasse o vício em jogo, já teria criado uma política para tratar do vício em álcool, em drogas, em cigarro. Respeite os nossos neurônios, senador!

Toffoli continua seu trabalho de destruir a Lava Jato

O ministro do STF Dias Toffoli anulou as provas contra o marqueteiro João Santana e sua mulher Mônica Moura, que tinham sido condenados. São questões relativas às provas da Odebrecht. Está valendo a anulação, e Toffoli disse que agora é o juiz federal, do Distrito Federal, que decide se arquiva o processo do condenado. Se arquivar, ele vira descondenado. Mais um assunto para o Financial Times, que está fazendo uma série.

Na Câmara, ministro insiste na necessidade de importar arroz

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, depôs na Comissão de Agricultura da Câmara e continua defendendo a importação do arroz, que ele diz ser necessária para evitar a especulação. O Rio Grande do Sul deve estar gostando muito dessa insistência do ministro, que já demitiu o gaúcho Neri Geller como bode expiatório desse último leilão, e agora está defendendo um novo leilão.

A propósito, um grande apoiador de Lula, o CEO da Cosan, Rubens Ometto, que trabalha muito com o agro, disse que o Planalto está aumentando furiosamente a receita para gastar mais, para meter a mão querendo taxar tudo, e que desse jeito não dá. Pois é, mas eu fico pensando: como ele decidiu apoiar Lula? É impossível, porque ele sabe tudo que nós sabemos. Fica difícil de entender.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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