O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).| Foto: Andre Borges/EFE.
CARREGANDO :)

O presidente Lula anda muito irritado com a articulação política do seu governo, que está perdendo muita coisa no Congresso. Agora, a responsabilidade também é dele. Ele está brigando contra quem não poderia brigar, está brigando contra o agro. E ficando do lado do MST, isso já vem desde o início do governo, com a história do convite para João Pedro Stédile ir para China com ele.

O Stédile antes de ir pra China prega invasões, depois de ir pra China pregar invasões com o tal “Abril Vermelho”. E ainda Lula chamou o pessoal do agro de fascistas. Está brigando com agro, está brigando com quem está produzindo. Quem está garantindo o balanço de pagamento, a balança comercial e, sobretudo, está garantindo a reserva de divisas do Brasil, que está neste momento em US$ 320 bilhões.

Publicidade

Comparem com a Argentina que está a zero, não tem garantia para pagar importações. Se a Argentina precisar comprar comida do exterior não tem como pagar porque não tem reserva. Não tem fundo, está pedindo ajuda para o Brasil. O Brasil inclusive botou o BNDES nisso de uma forma para sustentar importações da Argentina com exportações brasileiras.

Então, está brigando com as pessoas erradas, está brigando com quem está trabalhando. E está apoiando quem está atrapalhando o trabalho de quem trabalha, que é o MST, que leva em incerteza, preocupação ao campo, que ameaça invadir, que não cumpre a lei que desrespeita o direito pétreo de propriedade, que está no caput do artigo 5º da Constituição, entre os direitos e garantias fundamentais, na mesma linha que o direito à vida.

Reação do Congresso

Então, está brigando errado, aí a Câmara e o Senado respondem. O presidente não se deu conta que existe essa bancada do agro, a bancada ruralista, que é muito forte e que houve mais de 60% de candidatos que foram eleitos sendo conservadores e apoiando o agro. E o agro está mobilizado.

Tanto que se mobilizou agora para aprovar nesta semana, o projeto de lei que deixa o Supremo Tribunal Federal (STF) de lado na ação do marco temporal. Porque há o risco de o Supremo dizer que são indígenas às terras que eles tradicionalmente ocuparam, aí de 1.500 para cá vamos ter que ir embora todo mundo.

Eu sou descendente de espanhol e de alemão vou ter que voltar, eu não sou povo original. Isso é desconhecer a realidade, a Constituição fala que “tradicionalmente ocupam”, presente do indicativo, ou seja, dia 5 de outubro de 1988, a data da promulgação da Constituição.

Publicidade

Impasse com MPs do governo

Bom, mas não é só isso que o presidente Lula está conseguindo. Ele está conseguindo que essa bancada forte, que tem maioria, está mudando as medidas provisórias dele. E se o governo achar que não pode mudar, que vai discutir, vai perder um tempo que não tem mais. Se chegar em 1º de junho, agora nesta semana, tem mais segunda, terça e quarta, 1º de junho quinta, aí a medida provisória que criou 17 ministérios deixa de existir, não dá pra fazer outra e desaparecem 17 ministérios e 17 ministros.

Estão tirando cadastro ambiental rural, Agência Nacional de Águas da Marina Silva (Meio Ambiente), tirando o Coaf do Ministério da Fazenda e botando onde deve estar que é no Banco Central, imagina só que Conab estava no Ministério da Reforma Agrária, do MST. A Conab tem que voltar para o Ministério da Agricultura, que é essencial previsão de safra para a logística das safras, para comercialização das safras. Demarcação de terra indígena estava com a indígena que é a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e estão tirando também.

Isso é que tem deixado o presidente da República muito inquieto. A situação dele neste Lula 3 está mais parecido com Dilma 3, do que com o Lula 1, por exemplo, em que os tempos eram outros e parece que o presidente não se deu conta de que muita coisa mudou nesse mundo que muda tão rápido em uma década.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]