O presidente da República está visitando o Nordeste. Na visita que fez a Washington, antes de se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, ele deu uma entrevista para a CNN americana. Na maior parte do tempo, Lula se saiu muito bem na argumentação, mas discordei de alguns trechos, como quando ele disse que metade das mortes por Covid foi causada por irresponsabilidade do governo. Vocês sabem muito bem o que eu vi no dia a dia, marido de médica curando umas 200 pessoas, havia essa possibilidade de cura em poucos dias, três, quatro, cinco dias. Mas evitaram que muitas pessoas fossem tratadas e curadas. E nem preciso falar da vacina: as pessoas foram vacinadas e continuaram pegando Covid, ou seja, a vacina não imunizou.
Outra afirmação de Lula pode até ter um pouco de verdade, mas o presidente poderia ter dito de uma forma diferente. A entrevistadora, Christiane Amanpour, perguntou se Lula não via dificuldades em um Brasil dividido pela metade, com uma dessas metades que não gosta dele. Lula disse que não, que o brasileiro não é radical, porque o brasileiro gosta mesmo é de carnaval, de dançar e de cantar. Poderia ter dito que o brasileiro também gosta de trabalhar, gosta de ver as coisas certas, gosta que o país todo cumpra a lei, dito que queremos ser um país sério... mas a resposta de Lula dá a impressão de aqui vivemos de festa, cantando feito bobos. Dessa parte eu não gostei, mas, no geral, ele se saiu bem na entrevista.
Lula puxa a economia para baixo, agro puxa a economia para cima
Onde Lula não está se saindo bem é nessa briga com o Banco Central. Os ataques ao BC estão prejudicando a economia brasileira, não vão baixar os juros, mas elevam o valor do dólar e desvalorizam o real; com isso, a inflação sobe e o Brasil cresce menos. É um problema muito sério. Enquanto isso, o agro está respondendo: toda a preparação do ano passado vai resultar, neste ano, em um recorde de 302 milhões de toneladas, 15% a mais em relação à safra anterior, sendo que a ocupação do solo subiu apenas 3,5%. Isso significa aumento de produtividade, crescimento vertical e não horizontal. Eu fico me perguntando: são 39 milhões de toneladas a mais de um ano para o outro, mas será que o agro vai continuar tendo apoio, agora que o governo está cheio de pessoas cuja ideologia é de preconceito contra o agro, que está segurando a economia brasileira já há muitos anos?
Novo prazo para garimpeiros deixarem terra yanomami é sensato
A Força Aérea Brasileira, com muita sensatez, prorrogou para 6 de maio o prazo de saída dos garimpeiros das áreas dos yanomamis. É a melhor forma de tratar o assunto. Não adianta querer fazer como disse o ministro da Justiça, “vamos lá, vamos prender os garimpeiros”. Vão prender 30 mil brasileiros que estavam trabalhando de sol a sol, sob o mosquito da malária, em busca de um futuro na vida, gente paupérrima? Sim, estão ilegais, ocupando reserva indígena, algo que só o Congresso Nacional pode autorizar; têm de sair, mas pacificamente, como brasileiros que foram tentar a vida. Enfim, se saírem aos montes, improvisadamente, vai haver muita morte no caminho, de confronto com índio a picada de cobra e gente perdida na floresta. As distâncias são imensas, a reserva é do tamanho de Portugal, do tamanho de Pernambuco, sem contar o lado venezuelano, que é ainda maior. É uma boa solução dar mais tempo para uma retirada pacífica, inclusive e principalmente por via aérea.
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