Lula e a embaixadora dos EUA, Elizabeth Bagley.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República.
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O presidente Lula está indo para Washington, onde terá um encontro importante com o presidente Joe Biden. Isso me lembra uma confidência de Aloizio Mercadante, que estava junto com Lula quando ele esteve com o presidente George W. Bush no primeiro mandato dele. Bush disse à Lula que iria invadir o Iraque e que o brasileiro não deveria se meter, pois Bush não se mete na Venezuela, e Lula que administrasse o problema com Hugo Chávez. Foi uma tremenda demonstração de confiança dada por um republicano; agora Lula vai conversar com Biden em uma situação em que há mais afinidade ideológica.

Mas o problema venezuelano continua. Eu estava vendo os discursos dos presidentes do Paraguai e do Uruguai naquela reunião de que Lula participou em Buenos Aires, e os dois falaram de países que não respeitam a democracia, as instituições, os direitos humanos, que defendem a democracia só de boca. E isso tem de ser resolvido, como é o caso da Venezuela. Vocês estão vendo os depoimentos de pessoas em Roraima dizendo que os yanomamis que estão aparecendo subnutridos na verdade estão fugindo da Venezuela, como já fugiram quase 6 milhões de pessoas, segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados.

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Lula ataca o Banco Central e ministro tenta consertar o estrago

Mais uma vez um ministro da área política – agora é Alexandre Padilha – teve de tentar aparar um pouco a agressividade do presidente em relação ao Banco Central. Disse que Lula não está querendo acabar com a autonomia do BC, que não é contra o presidente do banco. Quem acaba com a autonomia do Banco Central é o Congresso Nacional, o presidente da República não tem poderes para isso. Os petistas fizeram de tudo para atrapalhar durante 30 anos a tentativa de dar autonomia ao Banco Central. Quem conhece um mínimo de economia sabe que banco central tem de ter autonomia, que não pode haver mistura política na proteção da moeda, no combate à inflação, na política monetária. Quando Dilma se meteu, foi um desastre. Quando Lula foi presidente pela primeira vez, a Selic começou em 26,50%; a taxa atual, de 13,75%, é igual à do fim do primeiro período de Lula e início do segundo mandato.

E muita gente no entorno de Lula quer, sim, acabar com a autonomia do Banco Central. O ex-presidente do BC Armínio Fraga, numa entrevista ao Estadão, disse que há um desprezo raivoso pela responsabilidade fiscal. Mas a responsabilidade fiscal, que está sendo combatida também pelo atual presidente, é o que mantém o dinheiro no bolso de quem não tem economias para aplicar no banco e se proteger. Os R$ 100 do início do mês podem chegar ao fim do mês valendo R$ 50, como está acontecendo na Argentina e já aconteceu no Brasil. Nós já tivemos inflação de 84% ao mês por aqui, um desastre que acabou com o Plano Real.

Inversão de valores em curso mais uma vez

Está de volta aquela história de que “polícia é ruim, bandido é bom”. Parece que nós estamos vendo 1984 adaptado às condições tupiniquins. Começou a ser julgado, na Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, um caso ocorrido em 2002, em São Paulo, em que a polícia encontrou 12 integrantes do PCC, que acabaram mortos. Querem resgatar isso e forçar o Estado brasileiro a indenizar as famílias dos membros do PCC mortos. E boa parte do noticiário – porque muito jornalista hoje é formado com essa mentalidade – diz que os bandidos foram “assassinados” pela polícia, quando estavam muito bem armados e municiados.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]