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O presidente Lula e o ministro Fernando Haddad.
O presidente Lula e o ministro Fernando Haddad.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

O mercado está pessimista, e com razão. O Banco Central, todas as semanas, faz uma pesquisa entre mais de 100 instituições financeiras que fazem suas estimativas, e estão prevendo alta da inflação deste ano, de 4,12% para 4,2%. Mas nos últimos 12 meses a inflação já chegou ao limite máximo da meta, que é de 4,5%.

O ministro Fernando Haddad fica tentando fazer declarações otimistas, mas as contas não fecham. E Nelson Jobim – ex-constituinte, que praticamente fez a Constituição, juntou tudo; foi presidente do Supremo, ministro da Defesa, ministro da Justiça – disse que hoje não há ninguém para dizer “não” para Lula, para chamar sua atenção. José Dirceu, Gilberto Carvalho, eram pessoas que tinham esse acesso, mas hoje só há aplauso. E a pior coisa que existe é a pessoa acreditar nos aplausos. Então, Haddad não consegue dizer para Lula que as contas não fecham, que não há como criar despesa. Lula saltou de 22 para 39 ministérios, isso é aumento de despesa em tudo. E agora está pagando por cortes que teve de fazer, que pega mal porque fizeram propaganda e criaram expectativa. Vejam o que houve no Rio Grande do Sul, criando a expectativa dos gaúchos sobre uma presença federal forte para recuperar o estado depois das cheias. Não veio, e estão aí os tratoraços em resposta.

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STF faz o mesmo que condenava na Lava Jato, diz Nelson Jobim 

Falando em Nelson Jobim, que é gaúcho, em entrevista ao Poder360 ele comparou a liberação daquela conversa telefônica entre Dilma e Lula, sobre nomeá-lo ministro da Casa Civil para ele não ser preso, à divulgação da reunião entre Alexandre Ramagem e Jair Bolsonaro. Jobim disse que é a mesma coisa, que o que está acontecendo agora no Supremo é o que o Supremo condenava na Lava Jato, a abertura selecionada e desequilibrada, sem isonomia, de conversas que estavam sob sigilo.

Filipe Martins deixou a prisão, mas continua sem direitos constitucionais

Não estão mais em presídio Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, e Filipe Martins, ex-assessor internacional de Bolsonaro. Mas ficaram bastante tempo: um ano para Vasques, e meio ano para Martins. Por quê? Foram condenados por alguma coisa? Não, não conseguiram condená-los. Agora foram soltos, mas estão sem um direito fundamental, escrito na Constituição: a livre manifestação do pensamento, vedado o anonimato. Não podem publicar nada em rede social, não podem conversar com outros investigados, têm de usar tornozeleira, têm restrições, não podem sair do país etc. Por quê? Não tem um porquê.

O caso de Filipe Martins era evidente, assim como é evidente que o sol vai nascer amanhã. Disseram que ele tentou fugir para os Estados Unidos. Como? Pegando um avião, indo para Curitiba e, de lá, indo para Ponta Grossa? Ele não foi nem para a fronteira, para Foz do Iguaçu; foi para Ponta Grossa, que não fica longe de Curitiba. Não tem como simplesmente engolirmos uma coisa dessas, porque é muito óbvio. O nosso segundo neurônio acusa, só não funcionam os neurônios lá no Senado, que seria a câmara “revisora” daquilo que contraria a Constituição e, principalmente, os direitos fundamentais.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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