Vejam só a frase do presidente da República Federativa do Brasil, lá na reunião de cúpula com a União Europeia: “Rico tem duas alegrias, tomar dinheiro emprestado e não pagar”. Interessante que o ministro da Justiça, nesta terça, disse que a agressão verbal ao ministro Alexandre de Moraes, lá no aeroporto de Roma, é uma agressão ao Estado Democrático de Direito. Eu me pergunto o que são agressões ao Estado Democrático de Direito: se é não obedecer a Constituição, se é prisão ilegal, ou se é a pregação de luta de classes – você certamente adivinhou. A pregação está agora contra os ricos, e Lula já fez algumas outras manifestações semelhantes. Então, para o presidente, rico é aquele que gosta de tomar dinheiro emprestado e depois não pagar. Até imaginei que a pessoa se sentiria rica quando emprestasse dinheiro para o banco, mas enfim, é o clássico “divide e governa”. Divide homens e mulheres, divide pela cor da pele, divide pela renda, divide por sei lá mais que critérios, o que interessa é dividir para enfraquecer, porque o povo unido jamais será vencido. Assuste o povo, atemorize o povo, e o povo será um povo paralisado, fácil de ser conduzido.
Lula trabalhou não pelo acordo comercial, mas para livrar ditador amigo
O presidente deve voltar de sua viagem nesta quarta; com isso, ele já passou quase 40 dias no exterior, em menos de sete meses de governo. Os jornais anunciaram com pompa e circunstância que ele iria resolver o acordo entre Mercosul e União Europeia, para facilitar o comércio entre esses dois blocos. Mas não houve nada disso. O próprio Lula explicou que levar o acordo seria constranger a União Europeia. E todos sabiam que não haveria essa discussão, porque a União Europeia avisou o Mercosul que o acordo só sai com cláusulas ambientais, inclusive prevendo sanções. O Mercosul se encolheu e preparou uma contraproposta que só ficou pronta na sexta-feira passada, aqui em Brasília, e ainda tem de ser submetida aos outros países, sendo que a cúpula já terminou.
O que houve, sim, foi trabalho em favor de Nicolás Maduro. Lula se encontrou com Emmanuel Macron – não sei como Macron teve tempo, porque está cheio de problemas na França – para facilitar a vida do venezuelano. Aliás, não estiveram na cúpula nem Maduro, nem Ortega, nem o cubano Díaz-Canel. Nenhum deles esteve lá porque os europeus têm princípios rígidos sobre o que é um país democrático. E o Brasil que se cuide com isso, porque deputados e senadores vão levar ao Comitê de Direitos Humanos da ONU a questão das prisões ilegais, das prisões por crime de opinião, das prisões políticas, tudo muito sério.
Busca e apreensão contra quem xingou ministro pode; entrar na casa de quem foge da polícia, não
Falando em prisão, a PF, por ordem da presidente do Supremo, foi a Santa Bárbara do Oeste e entrou na residência do casal que teria ofendido o ministro Moraes em Roma. Tirou computadores, documentos e celulares, como se eles fossem criminosos perigosíssimos. Por outro lado, também no Supremo, o ministro Edson Fachin relatou o caso em que a polícia entrou na casa de um sujeito. Ele viu o carro da polícia, saiu correndo e se homiziou em casa. A polícia foi atrás, entrou na residência e descobriu 300 gramas de maconha. Fachin afirmou que os policiais não podiam ter entrado sem mandado judicial porque não havia flagrante, e que correr não é crime. Correr da polícia não é crime, mas é o chamado “indício”, não? Indício é quase uma evidência. Mas, enfim, não valeu a apreensão de maconha na casa do sujeito. E com dois casos ocorridos no mesmo dia, sem precisar expandir muito, podemos comparar os tratamentos dados a situações de entrada da polícia em domicílios aqui no Brasil.
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