Arthur Lira, presidente da Câmara e nome forte do PP, com o presidente Lula.| Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
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O presidente Lula, depois do desfile do 7 de setembro, vai para a Índia, para a reunião do G20. Na volta, dá apenas uma passadinha por Brasília e já vai para Cuba e, depois, para Nova York, para a reunião das Nações Unidas, no dia 15. Lula ainda não conseguiu completar o xadrez de tirar cargos do PT e dar para o Centrão em troca de voto. Já avisou que liberou mais R$ 5 bilhões em emendas, mas, se os deputados e senadores não aprovarem medidas para aumentar a arrecadação – ou seja, para cobrar mais tributos da nação –, não vai haver mais dinheiro e o governo não vai mais poder liberar emendas. É dando que se recebe, não é mesmo? É o troca-troca. Serve para o eleitor saber o que está se passando com o deputado e senador em que votou. Por que razão ele está votando a favor do governo Lula se durante a campanha, na propaganda eleitoral, ele não prometia isso.

Lula tirou Ana Moser do Ministério do Esporte e inchou a pasta, que vai ser do Esporte, Empreendedorismo, Juventude e Apostas Esportivas. O ministério vai para André Fufuca, do PP, mas o partido que não ficou satisfeito porque quer a Caixa Econômica Federal – aquela que tinha Geddel como vice-presidente, que acabou com todas aquelas malas cheias de dinheiro. E o Republicanos vai ganhar um ministério que era do PSB, apoiador antigo de Lula. O Ministério dos Portos e Aeroportos estava nas mãos do ex-governador paulista Márcio França, que aceitou o microministério da Micro e Pequena Empresa, mas pediu algumas mudanças só para não parecer uma humilhação. O PSB não gostou, os petistas não estão gostando, mas nem o Republicanos está satisfeito: vai querer também a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), que também tem uma boa repercussão social e ajuda na eleição municipal. Mas o governo pode se surpreender, porque, como lembrava sempre Tancredo Neves, o voto secreto é secreto e pode surpreender muita gente onde há traições – e o eleitor deve estar se sentindo traído, porque votou na centro-direita e está vendo o pessoal do Centrão apoiando o governo.

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A Lava Jato está enterrada de vez

Neste nono mês de governo já temos o cumprimento de um objetivo do governo: enterrar de vez a Lava Jato e frustrar todo aquele que aplaudia o maior combate à corrupção do planeta, uma operação contra um esquema gigantesco de corrupção nas estatais, nos bancos públicos, envolvendo empreiteiras, propinas, superfaturamento, transferências de todo jeito. A operação foi aprovada no tribunal revisor, em um tribunal superior, mas não adiantou nada. O principal personagem, que estava preso, foi solto, sua ficha suja foi lavada, e hoje é presidente da República. E os mocinhos de então agora estão virando bandidos.

O advogado-geral da União, Jorge Messias – também conhecido como “Bessias”, por causa daquela carta de nomeação que Dilma tinha pronta para Lula não ser preso –, já anunciou que vai mandar investigar todos os agentes públicos envolvidos na Lava Jato, ou seja, os mocinhos. O ministro Flávio Dino, que chefia a Polícia Federal, fez o mesmo na PF, querem saber por que investigaram e prenderam corruptos - corruptos que devolveram dinheiro! A Receita Federal vai fazer a mesma coisa, porque investigou as lavagens de dinheiro, as transferências, os bancos. O Itamaraty também se envolveu nos contatos com bancos suíços, paraísos fiscais, tudo isso. Os mocinhos vão ser pegos agora.

E o toque para disparar tudo isso foi a decisão do ministro do STF Dias Toffoli (que foi advogado do PT), anulando as provas do acordo de leniência com a Odebrecht. Tudo aquilo que a Odebrecht contou não vale mais; aquelas listas de mais de 200 nomes, apelidos, pseudônimos, a “Amante”, o “Caju” (por causa da cor do cabelo), o “Viagra”, o “Chinês”, isso não vale mais nada. É o enterro definitivo, e infelizmente parece que temos de julgar Gilmar Mendes um profeta quando ele dizia, naqueles julgamentos da Lava Jato no Supremo, que se instaura no Brasil uma “cleptocracia institucionalizada”. Porque agora estão normalizando tudo aquilo que foi feito.

Eu sei que é triste, mas é a realidade. Quando vi a primeira notícia, não acreditei. Tive de conferir tudo porque achei que fosse ficção. Mas, infelizmente, não é ficção.

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