O presidente Lula ainda fica no mínimo até terça no Palácio do Alvorada, se recuperando. O tratamento agora é via oral; antes disso, ele estava com antibiótico na veia. Pneumonia na idade dele é um susto muito grande. E eu levei susto maior ainda quando eu vi o médico que veio de São Paulo dizer que ele podia viajar para a China, ficar 30 horas dentro de um avião com pneumonia e com aquele ar condicionado frio de avião. Mas Lula teve juízo e ficou no Alvorada; está recebendo ministros lá, segundo informações do ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, ou seja, o “ministro da política” do governo, que também é médico e deu entrevista no cercadinho do Alvorada – aquele um que diziam que ia acabar, que era coisa do Bolsonaro...
Que Lula se recupere, não? Até porque está sendo boa para ele essa ausência, assim não tem de explicar essa história de contrariar o ministro da Justiça, a Polícia Federal, o Ministério Público e a juíza de Curitiba, dizendo que estavam todos combinados com o PCC, numa armação de Sergio Moro. Foi uma coisa inexplicável. E, como ele não vai conseguir explicar, esse isolamento no Alvorada, sem poder falar com os jornalistas, é bom para ele.
Promessas de ministra batem de frente com sinais ruins da economia
Enquanto isso, a ministra do Planejamento fala em “arcabouço fiscal”, palavra inventada que substitui o óbvio, que todo mundo sabe, que é “fura-teto”. A lei do teto de gastos foi uma das melhores leis feitas no Brasil nos últimos tempos, para impedir que o governo gaste além do que arrecada. Se o governo gasta além do que arrecada, tem déficit, tem de tomar dinheiro no mercado, tem de pagar juros e fica dependendo de uma dívida imensa; então, usam outros termos, como “arcabouço fiscal”. E, como a mídia não tem mais crítica, todo mundo aceita.
Simone Tebet disse que o déficit vai acabar a partir do fim do ano que vem. Mas o que isso quer dizer de verdade? É lá para 2026. Temos de traduzir esses eufemismos. Não podemos esquecer que no fim de 2022 tivemos superávit de R$ 52 bilhões, mas as coisas não estão bem neste trimestre, tem muita coisa ruim acontecendo.
Vejam só as montadoras parando. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) anunciou que a previsão de produção de caminhões para este ano é 20% menor. Isso é uma péssima notícia; significa que haverá demanda 20% menor para transportar riquezas. O principal transporte desse país, cerca de 70% do total, é caminhão. Se o país vai precisar de 20% a menos de novos caminhões, isso é preocupante. Para os veículos leves, estão prevendo ainda uma alta, mas de apenas 4%. São sinais abundantes neste trimestre. O governo que entrou simplesmente quis destruir o que estava dando certo, e aí deu errado.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos