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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Reunião ministerial

Lula quer afinar o discurso dos ministros, mas eles mesmos admitem divergências

Posse da senadora Simone Tebet no Ministério do Planejamento e Orçamento. (Foto: Reprodução)

Às 9h30 da manhã desta sexta-feira ocorre a primeira reunião ministerial do terceiro governo Lula (e quinto governo do PT). São 37 ministros; se cada um deles falar por dez minutos (e aí todos vão ter de falar), e se Lula tiver de responder e dar orientação para todos, serão 555 minutos, ou nove horas e 15 minutos sem parar para comer. Como se vê, pesa no relógio ter 37 ministros, mas pesa muito mais no bolso do contribuinte, com o aumento dos gastos.

Falando em gasto, a última ministra a tomar posse foi Simone Tebet, do Planejamento. Em seu discurso, ela foi sincera e disse que foi cair logo em um setor com o qual ela tem divergência. Que divergência? Ela quer equilíbrio fiscal, é contra gastos públicos ilimitados. Então, já começou confessando a divergência. Um dos objetivos da reunião ministerial desta sexta é afinar a linguagem, que está totalmente desafinada. Entraram 37 sem conhecer a música e foram botando letra. Acho que nem os eleitores de Lula conhecem essa partitura. Qual é a música, afinal? Vão fazer o quê? A última é a de que vão ressuscitar o PAC da Dilma. Só 17% do PAC original foi concluído, o governo Dilma gerou 12 milhões de desempregados e a maior recessão da história do Brasil, mas está aí o Programa de Aceleração do Crescimento, tudo se resume a nomes bonitos.

E as divergências não são apenas essas. Já tiveram de negar que vão interferir no preço da gasolina, que vão acabar com a reforma da Previdência e com a reforma trabalhista. Haddad disse que não falou em moeda única do Mercosul, mas eu ouvi a entrevista e está lá. Também ouvi uma entrevista em que perguntaram para ele sobre a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Haddad não entendeu nada e falou outra coisa.

Aí, temos a ministra do Turismo, e descobrimos que um miliciano condenado fez campanha para ela. Na Saúde, entra uma socióloga – reclamaram que antes era um general, mas agora tem uma socióloga. No Ministério da Cultura temos uma cantora que ficou devendo para o Ministério da Cultura e foi flagrada pelo TCU. Fora esse monte de gente que não tem a menor noção de serviço público, não sabe que vai se responsabilizar pelas despesas do seu ministério, e vai acabar processada pelo TCU, Ministério Público, CGU, sei lá mais o quê. Tem ministro pensando que é só assumir no palanque e fazer discurso.

Ministra quer vulgarizar o aborto 

Como essa manifestação da ministra das Mulheres sobre aborto, dizendo que quer o “aborto legal”, que é uma questão de saúde da mulher. Mas não precisa mudar a lei; a lei está lá, o aborto é permitido no caso de estupro, risco de vida da mãe ou anencefalia do feto. O que estão querendo fazer é generalizar, como método anticoncepcional, vulgarizar o aborto. Mas essa é outra questão; tem de pensar na defesa da vida.

Presidente não “convoca” governador, apenas convida

Apenas para lembrar uma questão de formalidade: vi o noticiário dizendo que Lula vai “convocar” os 27 governadores para o dia 27. Ele deve estar pensando em abolir a República Federativa do Brasil, transformá-la em uma república única, monocrática, de governo unitário, como era no império. Não, os governadores têm autonomia para receber o convite e aceitá-lo ou não.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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