Lula, Janja e a comitiva presidencial na chegada a Nova Delhi, na Índia.| Foto: Ricardo Stuckert / PR
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Será que as viagens ao exterior dão um alívio a Lula? Ou ele fica remoendo como resolver problemas que cada vez ficam mais intrincados? No início do ano, havia a euforia do começo de mais um governo. Agora tem problema até dentro do próprio Palácio do Planalto, com o ex-BBB indicado pela primeira-dama para a Secom do ministro Paulo Pimenta. Óbvio que não daria certo. Agora ele chama o ministro de “mau-caráter”, critica o governador do Rio Grande do Sul, se refere a “gado petista” e afirma que, se não puder “apontar os equívocos do próprio Lula”, não quer ficar. Lula, ao tirar a petista Ana Moser, provocou queixa de Janja nas redes sociais. Vai ter de mexer com Jean Wyllys, ou Paulo Pimenta não vai aguentar.

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Na Esplanada, os problemas são semelhantes. Lula desagradou os socialistas ao tirar Márcio França do Ministério dos Portos e Aeroportos – vale dizer que mexeu também com o vice Alckmin. Botou lá um deputado do Republicanos, Silvio Costa Filho. Só que o Republicanos não acompanhou: emitiu nota afirmando que não faz parte do governo, que é independente, e que Costa Filho está lá por motivos pessoais. O caso de Juscelino Filho é diferente: está nas Comunicações porque o ministério foi dado ao União Brasil; Lula, que na primeira reunião ministerial prometeu que “quem estiver errado só tem um jeito, ser convidado a sair”, nada faz diante do bloqueio de bens por emendas em favor da irmã prefeita, além dos casos conhecidos do asfalto, do leilão de cavalos e do uso de jatinho da FAB. O ministério é do União Brasil.

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Lula vai para o exterior para ficar longe dos problemas? Distante, parece saudoso dos problemas e cria mais alguns. Diz que vai convidar Putin e não vai prendê-lo, mas depois alguém avisa que a ordem é de um tribunal do qual o Brasil é Estado-membro. Aí, ele se justifica e piora: primeiro, diz que nem sabia da existência do Tribunal Penal Internacional, mesmo tendo citado expressamente o tribunal em seu discurso de posse em 2003 e mesmo tendo indicado uma juíza para aquele tribunal. E ainda piora: pergunta por que os Estados Unidos, a China e a Rússia não fazem parte do órgão internacional de justiça, e afirma que fazem parte “só bagrinhos” – que são 123 países, inclusive França, Itália, Alemanha e países latino-americanos. Que trabalhão vai ter o Itamaraty… O presidente, se tivesse lido a Constituição, encontraria o tribunal citado no parágrafo 4.º do artigo 5.º.

Agora Lula está de volta, mas já vai a Cuba e, depois, a Nova York. Pouco tempo para resolver tantos problemas que não precisariam existir, e que consomem a energia necessária para problemas mais concretos, como o excesso de gastos e a queda na arrecadação, num país em que a insegurança jurídica se avoluma tanto quanto as despesas do Estado. E ainda vai ter de decidir se sai logo para Cuba ou se vai ouvir os gaúchos vítimas do maior desastre numa região de pequenas propriedades agrícolas e de gente muito trabalhadora e politizada.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]