O professor Marcos Cintra disse que Jair Bolsonaro precisa ter o próprio partido. Aqui em Brasília já estavam se mobilizando para isso, mas não havia tempo suficiente até a eleição presidencial e desistiram, porque precisavam de mais tempo para coletar as assinaturas. Agora temos essa fofoca entre Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, que fez elogios a Lula, e depois veio a resposta do ex-presidente, que não gostou. Eu sempre achei que isso um dia não daria mais certo.
O Partido Liberal tem uma tradição, só que, como diz Marcos Cintra, o partido de Bolsonaro teria de ser um partido realmente liberal, defensor do liberalismo, e eu entendo o que ele quer dizer. Cintra está hoje no União Brasil; foi secretário da Receita no governo Bolsonaro em 2019, é um dos defensores da desoneração da folha de pagamento, tinha planos de uma boa reforma tributária – sua ideia, ao lado do Flávio Rocha, é a do imposto único. Cintra é economista com bacharelado, mestrado e doutorado em Harvard, foi diretor do Departamento de Economia da FGV. Foi também deputado, entre 1999 e 2003, e era líder do PL, vejam só. Não é qualquer um, é um estudioso, e o que ele disse é para nos fazer pensar.
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É um grande negócio ser dono de partido aqui no Brasil, ainda mais em ano eleitoral, porque tem o Fundo Partidário e o fundo eleitoral. É um dinheirão, é como uma indústria sem chaminé, porque nem precisa de chaminé. Temos de pensar sobre a necessidade de termos um partido sem nenhum fisiologismo, realmente um partido com ideias, com doutrina partidária. A maior parte dos partidos tem um programa escrito no estatuto só para criar a legenda. Todos dizem a mesma coisa, defendem a justiça social, e isso e aquilo. Precisamos ter partidos de verdade aqui no Brasil.
Pai ministro não tem culpa da ostentação de filho maior de idade
Neste caso de Felipe Brandão, filho do ministro Benedito Gonçalves, é preciso separar as coisas. As pessoas fazem a notícia já identificando o “filho do Fulano”, mas o Fulano não tem culpa se o filho vai para a Holanda, visita uma rua de marcas de grife que eu nem sabia que existia, como a Via Condotti em Roma, toma um banho de loja. E um sujeito lá entrevista as pessoas na rua, deve ser de gozação, para ver o sujeito todo fantasiado, com tênis vermelho, uma calça com flores, pulseira valendo não sei quantos mil, relógio de mais de R$ 1 milhão que dá as horas igualzinho a um relógio de R$ 300.
O caso repercutiu muito nas redes sociais, mas o que me deixou irritado, na primeira vez que vi, foi a exposição desse menino que está ao lado de Brandão no vídeo. Não sei se é filho, mas, se foi filmado, teve autorização do pai, que deveria ter dispensado o filho disso. Imaginem esse menino, depois, entrando na escola quando recomeçarem as aulas, o bullying que vai sofrer, porque ele também estava lá, todo fantasiado de coisa cara. Isso é que foi o grave, mas não foi o que a juíza no Rio alegou para proibir o vídeo; a alegação principal era de que as publicações visavam atingir Gonçalves. Por mim, não; eu fui formado num jornalismo em que o pai não tem culpa das travessuras do filho maior de idade. É como o filho do Pelé: o Pelé não tem nada a ver com o filho que se envolveu em drogas.
O que eu condeno, então, era Brandão expor o menino também. Ele podia se expor ao ridículo, mas não o filho. O filho entrou nessa, se exibiu também para o sujeito que estava fazendo a filmagem, porque viu o pai mostrar, imitou o pai. Não há pena isso. Enfim, a juíza mandou tirar o vídeo do ar, e isso acabou dando mais impulso a esse assunto. Eu mesmo só estou falando disso agora porque houve essa intervenção da Justiça.
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