O espetáculo da CPI da Covid continua, desta vez com o depoimento da doutora Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde. Embora muita gente tenha acompanhado o depoimento para ouvi-la, os senadores falaram bem mais. E claro, os parlamentares estavam tentando defender suas próprias teses.
Acho que por um ato falho, o relator Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a dizer “não haverá aqui penas capitais”. Ora, não é necessário alegar isso. Essa afirmação foi feita em meio a um discurso sobre o fato da CPI não ser um tribunal de guerra e alguns paralelos com o Tribunal de Nuremberg. Essas comparações com o nazismo e o genocídio dos judeus foram tenebrosas.
Ao final, o presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), também cometeu ato falho dizendo que a CPI não foi instalada para crucificar ninguém. Penso que faltou uma cultura de cavalheirismo nesse depoimento com a médica Mayra. Em determinado momento, Aziz chegou a dizer em tom de ameaça: “não queremos ser deselegantes”. Imagine se isso é jeito de se dirigir a uma senhora.
Apesar disso, Mayra foi altiva porque tinha a verdade do lado dela. Ela respondeu a todas as perguntas. Um dos senadores chegou a tentar dar uma rasteira na secretária perguntando se na viagem dela a Manaus, em que levou onze assessores, algum deles era intensivista ou atendeu algum paciente na cidade.
Ela explicou que foi à região para estudar a situação em que se encontrava a cidade e que levou 300 médicos para Manaus com o intuito de reforçar o atendimento. O parlamentar ficou balbuciando depois.
Assim foram todas as manifestações de Mayra Pinheiro. Eu resumiria a atuação dela da seguinte forma: enquanto médica de criança, ela explicou tudo pediatricamente aos senadores. As frases dela quase que desenhavam as situações.
Ela foi didática e pedagógica. O médico pediatra precisa ter mais sensibilidade que um profissional que atende adultos. Afinal esses conseguem explicar o que sentem e o que os levou ao hospital; crianças não têm essa habilidade ainda.
A secretária teve esse mesmo cuidado durante o depoimento porque queria deixar muito clara a mensagem que pretendia passar. O que eu entendi nas falas dela foi que a vida vem em primeiro lugar e a ideologia vem depois. Teve momentos de alto significado, mas ela brilhou sempre.
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) foi a voz lúcida da comissão. Ele basicamente perguntou aos demais parlamentares o que eles estavam fazendo na CPI e que havia entendido que o objetivo de tudo era salvar vidas.
Ele questionou os caminhos que os senadores têm adotado para cumprir essa meta. Ele também perguntou o que não foi feito para tentar impedir a morte de tantas pessoas.
Além disso, o líder do governo Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) mostrou o desempenho do governo na vacinação e no andamento dos contratos para compra dos imunizantes. Foi muito positivo, embora tenham havido novamente ameaças.
Reforma urgente
A reforma administrativa está andando na Câmara. Nesta terça-feira (25), a admissibilidade do texto foi aprovada pela Comissão de Constituição de Justiça por 39 votos a 26. Com isso, a reforma já pode ser encaminhada para a comissão especial.
O objetivo desse projeto é tornar o estado brasileiro menos inchado e mais ágil. Com a chegada da informática em vez de reduzir para um terço a folha de pagamento, ela se multiplicou por três. Não adiantou nada. Então precisa de uma reforma urgente.
Recomposição do Plano Safra
Na manhã de quarta-feira (25) está prevista a votação da recomposição do Plano Safra que sofreu com cortes no orçamento original. O senador Eduardo Gomes (MDB-TO), relator da proposta, me garantiu essa aprovação. Esse projeto interessa ao agronegócio.
São três projetos de lei, de origem do Congresso, que vão ajudar a diminuir os juros dos créditos e a garantir o custeio e a colheita. Isso vai estimular e ajudar o setor, que está deixando as contas externas brasileiras equilibradas e a balança comercial superavitária.
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