Mais uma semana cheia. Está programado o julgamento de uma ação do PDT contra Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e prosseguem as investigações da Comissão Mista do Congresso e da CPI da Assembleia Legislativa do Distrito Federal.
O interessante nesta CPI mista, tal como aquela CPI da Covid, é que a gente fica sabendo mais dos integrantes da comissão do que dos depoentes, porque eles se revelam. Isso aí não é só o doutor Freud que mostra, não. Eles se revelam nas suas entranhas, no seu inconsciente, nos gritos que dão, nas posições. Eu lembro – e não consigo esquecer – dos integrantes da CPI da Covid dizendo que a doença não tinha tratamento. Isso a gente não pode esquecer jamais, porque morreu muita gente por causa disso. Bom, mas esse é outro assunto.
Não tenham esperança no Senado
Todo mundo fala que o Senado tem dezenas de requerimentos pedindo para investigar ministros do Supremo, que passaram das medidas, que desrespeitam a Constituição… Gente, não tenham muita esperança.
O advogado de Lula passou por cima da impessoalidade exigida pela Constituição, passou por cima da exigência de notório saber jurídico, e teve 58 senadores votando a favor de 81. Imaginem se alguém vai pedir para o Pacheco pôr em votação um requerimento para investigar um ministro do Supremo. Vão ser 60 votos a favor do ministro. Então, como diria Dante no "Inferno", lasciate ogni speranza, voi ch'entrate – deixai toda a esperança, você que está entrando nessa.
Embaixadores não viram nada de errado na reunião
Eu conversei neste fim de semana com muitos embaixadores que estavam lá naquela reunião, convidados pelo presidente da República no Palácio da Alvorada, para ouvir o presidente falando sobre os riscos da segurança, da confiança das urnas eletrônicas sem comprovante impresso de voto. E eles me dizem que não entendem por que o PDT entrou com uma ação na Justiça, se não aconteceu nada de mais.
Eles me falam: "Nós não somos eleitores do Brasil, nós somos embaixadores interessados em acompanhar o processo eleitoral brasileiro, e assim como fomos ouvir, a convite, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Fachin, nós fomos também ouvir o presidente da República, que estava preocupado com a lisura. Em nenhum momento ele falou em desrespeitar o resultado, nada disso".
É isso que o que está em jogo agora, no julgamento de Bolsonaro, na queixa do PDT, que os próprios embaixadores não entendem. O noticiário pode enganar muita gente que só se atém ao noticiário tradicional, mas não está enganando os embaixadores.
Os embaixadores sabem muito bem da realidade. Veem que estão forçando para tentar tornar o presidente anterior inelegível, porque por algum motivo estão com medo dele, porque, durante quatro anos, ele impôs um sistema que não era usual em relação a benesses, benefícios, vantagens, prioridades e privilégios de uma determinada classe aqui no Brasil. Houve uma mudança muito grande, por vontade popular. Não querem isso, querem torná-lo inelegível.
Interessante que a Constituição manda que um presidente condenado fique inelegível, não ocupe cargo público por oito anos, mas a presidente que foi condenada não ficou inelegível. Não obedeceram a Constituição, na cara dos senadores. Isso aconteceu no Senado também. Esse mesmo Senado que deu 58 votos para o advogado de Lula virar juiz supremo.
Eu imagino o trabalho que deve dar a transformação na natureza de um advogado – no inconsciente, no Id, em tudo –, na cabeça de um advogado que de repente tem que abandonar o princípio de defender causas e pessoas para se tornar isento e defender apenas a aplicação estrita da Constituição, já que o Supremo é um tribunal constitucional.
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