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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Menos malas

Nota de R$ 200 vai trazer mais conforto aos corruptos

Polícia Federal apreendeu R$ 51 milhões em dinheiro vivo no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima, em 2017, em Salvador: com a nota de R$ 200 não precisaria de tantas malas.
Polícia Federal apreendeu R$ 51 milhões em dinheiro vivo no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima, em 2017, em Salvador: com a nota de R$ 200 não precisaria de tantas malas. (Foto: Polícia Federal/Divulgação)

“Raquel Dodge tem que ser incinerada publicamente”. Sabe quem escreveu isso? Os procuradores da Operação Lava Jato, que viviam brigando com a ex-procuradora-geral da República.

Um deles escreveu assim: “o barraco tem nome e sobrenome, Raquel Dodge”. Quem descobriu isso e divulgou foi o jornalista Glenn Greenwald, que tentou enfraquecer a operação no ano passado.

Seis procuradores pediram para sair da força-tarefa da Lava Jato alegando que havia incompatibilidade de entendimento. Ou seja, os conflitos com a PGR não começaram agora com o Augusto Aras.

Um deles chegou a dizer assim “essa chega a ser pior do que o Janot” se referindo a Raquel Dodge. Eles também estavam brigando com Rodrigo Janot. Não sei se é vaidade ou problema de jurisdição, de hierarquia.

O fato é que o grupo de Curitiba fez e está fazendo um excelente trabalho, mas se tornou uma autarquia dentro da Procuradoria-Geral da República. A força-tarefa ganhou independência total e talvez isso tenha provocado tanto problema dos procuradores com a chefia. Eles sempre alegavam que os procuradores eram muito devagar, que Dodge não fazia nada. Sempre houve muita pressão sobre o procurador-geral.

Lá atrás, no governo Fernando Henrique Cardoso, já se falava num “engavetador-geral da República”. Talvez esse seja o momento de dar um freio de arrumação nessa equipe de Curitiba, que não pode estar acima do bem e do mal.

Fizeram um excelente trabalho. A Lava Jato extraiu o pus daquele tumor que estava roubando muito do povo brasileiro. Agora nós temos os corruptos que desviam dinheiro do combate ao coronavírus.

Primeira-dama com Covid-19

O último teste PCR do presidente Jair Bolsonaro, que detecta a Covid-19, deu negativo — portanto, não contamina ninguém. Por isso, ele saiu de casa e viajou para o Piauí e para a Bahia, apertou a mão de milhares de pessoas, tirou a máscara, montou em um cavalo. Parecia um pinto no lixo. O que ele adora é ficar no meio do povo.

Por outro lado, voltando para casa ele encontrou a esposa com coronavírus. Além de Michelle Bolsonaro, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, também testou positivo para a doença.

Outro membro do Executivo que também está com Covid-19, é o novo ministro da educação Milton Ribeiro. Ele está com pneumonia, portanto ainda não se livrou do vírus. Muitos ministros já tiveram coronavírus.

Dinheiro graúdo

A nova nota de R$ 200 vai ter como símbolo o lobo guará, um animal do Cerrado. As notas de maior valor têm menos circulação, do que as notas de menor valor. É curioso observar que agora os corruptos não vão mais precisar de tanto espaço para transportar dinheiro escuso.

Ao invés de sair correndo com uma mala de rodinha, como aconteceu com o ex-assessor do presidente Michel Temer, o Rodrigo Rocha Loures, eles podem levar tudo numa maleta. O ex-ministro Geddel Vieira Lima poderia morar em um apartamento menor, porque não iriam ser necessárias oito malas para esconder os R$ 52 milhões no “bunker” que ele mantinha em Salvador e sim quatro.

Já os políticos que estão desviando dinheiro do combate ao coronavírus poderiam guardar o dinheiro embaixo da cama. Ou seja, todos os que não acreditam em banco vão se beneficiar. A nota de R$ 200 vai trazer um certo conforto aos bandidos. Mas eles que aproveitem agora, porque daqui a pouco vão experimentar o desconforto da cadeia.

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