• Carregando...
O presidente reeleito do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O presidente reeleito do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado.

Vou começar pelo lado bom das eleições ou melhor, da eleição no Senado. Eu nunca vi em toda a minha vida, nos meus 82 anos, mais de 50 de jornalismo, nunca vi uma audiência como a que teve para acompanhar a eleição no Senado Federal. Uma eleição com apenas 81 eleitores – e todos votaram.

Rodrigo Pacheco precisava de 41 votos,  fez 49. Rogério Marinho fez 32, enquanto Girão desistiu a favor de Rogério Marinho. Quem acertou foi Renan Calheiros. Conhecedor de seus colegas, disse que seriam 51 votos, deu 49, pertinho da mosca. Quase acertou.

O lado bom foi a consciência dos eleitores. Porque os eleitores é que mandaram para o Senado 81 senadores. Eles são os mandantes e eles têm de acompanhar o comportamento de seus mandatários, dos representantes de seus estados – são três senadores por estado. Essa consciência de cidadania que fez as pessoas se interessarem pelos rumos do Senado.

No mesmo rumo

Agora o lado ruim é que o Senado vai continuar no mesmo rumo: um Senado passivo. Isso porque o presidente do Senado senta em cima de requerimentos que, longe de quererem de punir um ministro do Supremo, querem a volta da Constituição. É para recuperar a Constituição, recuperar o respeito ao mandato, ao Legislativo, à inviolabilidade do mandato por quaisquer palavras.

É tentativa de recuperar o respeito à liberdade de expressão, de opinião, recuperar o respeito à Constituição que veda qualquer tipo de censura, recuperar os direitos e garantias individuais, que falam no direito de ir e vir, liberdade de trabalhar, a liberdade de culto, liberdade de reunião. Enfim, recuperar o que está escrito na Constituição, como a norma que diz que tem de ter promotor público num inquérito, e que o promotor público é a origem do inquérito. A isso se chama devido processo legal, que tem que ser recuperado.

Lula ganhou

Mas pelos próximos dois anos esqueçam isso tudo. Vai continua a mesma coisa, o mesmo sistema, o mesmo mecanismo. Os vitoriosos foram Alcolumbre, que mais trabalhou por essa reeleição de Pacheco para poder continuar na Comissão principal do Senado, que é a Comissão de Constituição e Justiça. Lula, que cumprimentou Pacheco em seguida, minutos depois pelo telefone celular do senador Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros, que também previa esse resultado. Eu acho que se alguém foi derrotado, foi devido o processo legal, a democracia e as liberdades, a Constituição e o próprio Senado, que continua passivo ante o ativismo judicial.

Traição ao eleitor

O outro assunto de hoje é uma pergunta. Afinal, o nosso sistema é presidencial ou parlamentar? Vimos que há 18 integrantes do Executivo que na verdade são integrantes do Legislativo. Os seus eleitores mandaram que eles fossem seus representantes na Câmara e no Senado, mas eles abandonam os eleitores e vão para o Poder Executivo para serem ministros. 18 foram votar, 10 foram pra tomar posse como senadores e deputados, a metade do Ministério.

O lugar certo

Então que sistema é esse? Parlamentar ou é presidencial, o que é isso? Porque é uma traição ao eleitor. Eu disse isso sobre o Eduardo Bolsonaro quando se falava que ele ia ser embaixador do Brasil em Washington. Eu dizia que ele iria trair um milhão oitocentos e sessenta mil eleitores, que o mandaram ser deputado, representá-los na Câmara e não na embaixada.

Eu diria que não é o Ministério da Justiça o lugar do representante do Maranhão; nem no Ministério dos Transportes o senador do Pará; ou no Ministério de Educação o senador do Ceará, e assim por diante. É um sistema complicado aqui no Brasil, e talvez por isso funcione tão mal.

Americanas

Por último, um registro. A Americanas, que está devendo R$43 bilhões, deu uma pedalada de R$ 20 bilhões, agora contratou o advogado Cristiano Zanin. Vocês sabem quem é? Advogado de Lula.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]