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Andando, por esses dias, no meu Rio Grande do Sul, percebo, nos lugares em que se reuniram para me ouvir, que as pessoas imaginam que, vivendo em Brasília, posso saber mais do que elas. Respondo que elas têm o mesmo acesso à informação, desde que as redes sociais substituíram o monopólio da notícia.
Agora quem está no interior do Rio Grande do Sul - ou no interior do Acre - tem acesso às mesmas informações que tenho como vizinho da Praça dos Três Poderes. Claro que permanecem alguns mistérios. Um deles, para mim, foi aquela ida de Michel Temer ao Palácio, levando Alexandre de Moraes, supostamente para fazer uma paz que nunca foi posta em prática.
Outro mistério, que se tornou ainda mais forte aqui no Rio Grande depois da visita de Lula, que deixou os gaúchos da roda de chimarrão à beira do fogo ainda mais desconfiados e curiosos. O que pretende Lula? Faz declarações que afastam e assustam eleitores. Imagina dizer que vai desarmar todo mundo.
Aqui no Rio Grande, o referendo de 2005 sobre armas deu 87% a favor delas. O estado foi o campeão das armas, bem acima da média nacional de 64%. Aliás, a lei do desarmamento mostrou seu caráter não democrático, ao não seguir a vontade da maioria. Lula contrariou a maioria gaúcha na questão das armas - um assunto que a diplomacia político-eleitoral recomenda calar por aqui.
Essa atitude de gerar antipatia aconteceu com os parlamentares, que ele recomendou serem assediados com pressão sobre suas famílias, em seus endereços privados. Faz xingamentos por todos os lados, deixando um rastro de interrogações. O que quer Lula? Tornar sua candidatura inviável?
Agora mesmo saiu um esboço de programa de governo do PT: Revogar o teto de gastos que é constitucional, revogar a reforma trabalhista, as privatizações, controlar o câmbio, a mídia, o direito ao aborto. Implantar a censura, já que fala em “coibir a propagação de mentiras” - aqui já reside um mistério: por que só agora, e não há séculos? O programa tem um capítulo que é um deboche: Combater a Corrupção.
Tem gente assuntando por aqui, enquanto enrola o palheiro e se protege do frio: O que pretende Lula? Tornar sua candidatura inviável e ter um pretexto para desistir e se consolidar numa liderança sem correr o risco de uma derrota com fim de carreira?
Lula fechou-se para a esquerda moderada ao afirmar que o PSDB acabou. E faz afirmações típicas de extrema esquerda. Parece ter optado por se tornar um símbolo dessa esquerda que refuta o direito de propriedade, que é pela luta de classes, pela união de uma América Latina socialista. Isso dá poucos votos no Brasil, mas garante um lugar na galeria das lideranças extremadas.