Nesta quarta, faço palestra na sede da Embrapa. Em tempos em que eu era repórter de Economia no Jornal do Brasil, Ernesto Geisel estava deixando a presidência da Petrobras, por ter sido eleito Presidente da República, ao derrotar o Doutor Ulysses Guimarães no Colégio Eleitoral.
A primeira visita que Geisel fez a uma entidade da administração direta foi à Embrapa. E foi buscar um jovem técnico mineiro, Alysson Paulinelli, para fazê-lo Ministro da Agricultura. Dali em diante, eles começaram a transformar a pequena e incipiente empresa no gigante mundial em pesquisa agropecuária.
Hoje, até americano famoso do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) vem ao Brasil para aprender como foi produzido o milagre de produzir quase 250 milhões de toneladas de grãos por ano.
Nessa mágica, de 1980 a hoje, a produção de arroz aumentou 43%, mas a área plantada caiu 70%! Os agricultores brasileiros produzem hoje 582% a mais de algodão; 274% mais feijão; 257% mais trigo por hectare do que em 1980. Por causa da mecanização do campo, dos fertilizantes, defensivos agrícolas e espécies selecionadas, produzimos mais em menos espaço. Estamos nos tornando campeões mundiais da soja, ocupando apenas 4% do território nacional.
O mesmo acontece no campeonato de exportação, com o açúcar, os sucos, a carne. A valorização da carne vai tornar possível o investimento em criação intensiva, confinada – antes impossível pelos custos. E vai melhorar ainda mais a qualidade do produto, ocupando menos área.
Quando, bem jovem, eu trabalhava na Carteira Agrícola do Banco do Brasil, nossa principal clientela, em região gaúcha de minifúndio, eram os “pequenos produtores”. Hoje, pequenos proprietários já não são necessariamente pequenos produtores, porque a tecnologia e o confinamento podem torná-los médios e grandes produtores, não importa a área de suas propriedades.
Muito além da Embrapa
A terra brasileira já alimenta um bilhão de pessoas no mundo. E algum produto brasileiro está presente em um em cada quatro pratos de comida no planeta.
Na verdade, não há milagre. Há o poder da vontade, da imaginação, a crença no país, o sacrifício e a coragem de vencer o medo e as facilidades da vida. O campo, hoje, está mais moderno que a cidade. E a pesquisa permitiu esse crescimento sem abrir mão do fato de que o Brasil é o país que mais preserva suas terras nativas.
Só falta desenhar isso para aqueles que fazem o papel de agentes de nossos concorrentes mundiais em produção agropecuária. São massa de manobra, embora gostem de acusar outros de entreguistas. O campo está sustentando nossas mesas e nossas contas externas. E o nome desse milagre é suor.
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