Em agosto de 1954, o major da Aeronáutica Rubem Vaz, guarda-costas voluntário do jornalista Carlos Lacerda, foi morto por um tiro no atentado que visava Lacerda, praticado por integrantes da segurança do Presidente Getúlio Vargas. A Aeronáutica tomou a si a investigação do fato, instalando uma espécie de tribunal na Base Aérea do Galeão, que entrou para a História como República do Galeão.
Quem se sentiu agredido ignorou os caminhos legais, fez o inquérito e julgou. Dois dias depois, Getúlio se matou. Não creio que o Supremo de hoje queira comparar-se àquilo, para tirar um presidente. É o Inquérito das Fake News mas, ironicamente, essa denominação, em si, já é uma fake news.
O que se faz é censura, proibida pela Constituição, que garante a liberdade de opinião a da livre manifestação. Ameaça, calúnia, injúria e difamação são crimes; não fake news.
Se alguém posta a intenção de tocar fogo no Supremo ou enfiar outra faca em Bolsonaro, isso não é notícia falsa; é ameaça, crime previsto no Código Penal. Se alguém calunia a mulher de uma autoridade, esse crime também está no código penal; se alguém ofende um juiz ou o Presidente da República, isso é injúria ou desacato; não é fake news.
O que é fake news
Fake news é quando a gente conta 800 veículos numa manifestação na Esplanada, como na de domingo, e a notícia diz que havia 150. Quando um grupo de camisas-pretas, punhos cerrados, com todas as características de movimento fascista, atacando manifestantes pacíficos a socos e pontapés, e é chamado de "antifascista”, porque gritava “democracia”, isso define o que é fake news - assim como quando se chama uma bandeira da Ucrânia de símbolo neo-fascista.
Na verdade, é justamente nas redes sociais que a desinformação de qualquer origem é desmascarada e desmentida.
O inquérito sobre a interferência na polícia Federal, que Sergio Moro originou, foi por água abaixo depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial. Agora o ministro Barroso, que assumiu a Justiça Eleitoral, vai tirar da gaveta queixa de dois candidatos derrotados, Boulos e Marina.
O inquérito das fake news pode ser aproveitado e investigar o passado, já que nem finalidade clara ou prazo tem. Os perdedores querem anular o registro da chapa que venceu a eleição, com o que se cassaria o voto de quase 58 milhões de eleitores. Seria a mesma concepção de democracia atribuída pelas fake news aos camisas-pretas da Av. Paulista.
No primeiro artigo da Constituição, o parágrafo único que diz que todo poder emana do povo. E isso não é fake news; é a base da democracia.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS