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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

O voto em javanês, o drama de Cármen Lúcia e mais um julgamento para Lula

Cármen Lúcia, ministra do STF. (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

Ainda se discute o voto de Dias Toffoli sobre a liberação, ou não, de dados financeiros daqueles que foram colhidos pelo Coaf – que agora é o setor de inteligência financeira do Banco Central. Um voto que durou quatro horas de leitura. Sempre muito sério, o ministro presidente do Supremo Tribunal Federal.

O ministro Luís Roberto Barroso fez uma ironia dizendo que precisava de um professor de javanês para traduzir o texto. O ministro Edson Fachin foi ainda mais irônico. Ao ser perguntado sobre a opinião dele do voto de Toffoli, respondeu: “Não tem uma pergunta mais fácil?”.

O drama de Cármen Lúcia

O julgamento vai continuar. Já há dois votos diferentes. Enquanto isso, a gente fica pensando na tragédia, no drama pelo qual passou a ministra Cármen Lúcia, que foi a favor da prisão em segunda instância. Ela foi voto vencido mas, como relatora de um habeas corpus, precisou se curvar ante à decisão de 6 a 5 do Supremo e mandar soltar todo mundo que foi condenado lá no TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) mas não tiver uma prisão preventiva. É o pessoal da Lava Jato.

Claro que não é uma produção em série de solturas, mas deve ter passado um drama a ministra Cármen Lúcia. Só para lembrar, a origem disso tudo são o Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Partido Comunista do Brasil.

O patrulhamento da prisão em 2ª instância no Congresso

O jornal “O Estado de S. Paulo” fez um levantamento na Câmara e no Senado para saber quem é contra e quem é a favor da prisão em 2ª instância. Contra, apenas 56 em 594 congressistas. Claramente a favor, 51 senadores e 290 deputados. Já 119 deputados e 21 senadores estão escondendo o voto, não quiseram dizer. Devem estar com medo de algum tipo de patrulhamento.

A propósito, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso do sítio de Atibaia, terá um recurso julgado na quarta-feira (27). É um recurso do próprio Ministério Público Federal, que achou pequena a sentença dada pela juíza Gabriela Hardt, em fevereiro. Doze anos e onze meses, e o MPF quer mais. A defesa de Lula quer anular tudo porque alega que ouviram o réu antes de ser ouvida uma testemunha, que era colaboradora premiada da Justiça.

Luto: Toniquinho de Jataí e Gugu

Por fim, eu queria registrar a morte do Toniquinho de Jataí. Antonio Soares Neto morreu com 94 anos. Quando ele tinha 29, e era corretor de seguros, Juscelino Kubitschek fazia um comício em Jataí no dia 4 de abril de 1955, como candidato à Presidência da República.

Toniquinho levantou o braço e perguntou para o candidato: “Olha, o senhor diz que vai cumprir a Constituição, mas o artigo 4º das Disposições Transitórias está dizendo que a capital vai ser transferida para o Planalto Central”. Juscelino pensou duas vezes, levou dois segundos para responder e prometeu construir Brasília.

Isso foi uma mudança nos planos de Juscelino, tanto que não está nas metas de campanha - e acabou sendo a meta principal do governo. Foi uma transformação: tirou o Brasil do Litoral e fez o país conquistar o interior, onde está a sua riqueza. Descanse em paz, Toniquinho. Você ajudou a mudar esse país.

Descanse em paz, também, Gugu Liberato, um homem tão bom durante toda a vida que, depois da morte, foi bom também. A doação de seus órgãos vai permitir vida para 50 pessoas nos EUA (porque não há como transportar a essa distância, o tempo deterioraria os órgãos). Eu o conheci em Brasília. Estava na companhia de João Doria, que era o presidente da Embratur e que, agora, como governador, decretou luto por três dias. O corpo dele vai ser velado na Assembleia Legislativa de São Paulo.

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