Quem saiu perdendo nesse jogo todo, com o Supremo sendo Supremo? Perderam o presidente da Câmara, o presidente do Senado e o presidente da República. O presidente da República está perdendo um instrumento básico para cooptar votos no Congresso, que é a liberação de emendas. Agora vai ter de ser na saliva mesmo, oferecendo ministérios, só que mesmo 37 ou 38 ministérios não serão suficientes. A Câmara que está entrando aí tem mais de 70% de centro e direita; o Senado terá mais de 60% de centro e direita, então vai ser complicado. A esquerda raiz não vai gostar, porque Lula vai ter de ceder para a centro-direita e o Centrão.
Alvorada ou Torto?
Lula levou Janja para conhecer a Residência do Torto – que não é Granja do Torto, essa é um parque de exposições que fica ao lado –, uma residência da Presidência da República, muito aprazível. João Figueiredo morava lá e dizia que morar no Alvorada é como morar dentro de uma vitrine. Se Janja gostar do Torto, é capaz de eles ficarem lá.
Ainda faltam muitos nomes para o primeiro escalão do governo
O prazo está encurtando para Lula decidir seu ministério, está muito complicado. Para a Petrobras, ele disse que não traria ninguém dos antigos, mas está entre Dilma e a presidente da Agência Nacional de Petróleo do tempo de Dilma. A Comunicação Social deve voltar a ser ministério... é o Ministério da Propaganda, porque o governo está precisando de propaganda. Simone Tebet não deve estar gostando, porque não vai levar o ministério que ela queria, o do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família, que vai ficar com o ex-governador do Piauí Wellington Dias.
Supremo segue pegando pesado com bolsonaristas e aliviando para aliados de Lula
Gilmar Mendes mandou Carla Zambelli entregar a pistola e perder o porte de arma depois que ela apontou a pistola para um homem com quem ela estava batendo boca numa rua de São Paulo. Isso foi proposta da Procuradoria-Geral da República, que propôs também ao Supremo arquivar uma acusação de partidos pequenos – PSol, PcdoB, Rede e PV –, do PSD e até do PT, que não é partido pequeno, contra Bolsonaro por incitação à violência. Dias Toffoli, relator do inquérito, disse que, se a PGR não viu crime, então só resta arquivar, porque o autor da ação é a PGR. O ministro deu o bom exemplo, porque Alexandre de Moraes vem passando por cima dessas coisas.
Enquanto isso, Ricardo Lewandowski deixou Rodrigo Pacheco com cara de bobo, tirou foto com ele, fez promessas para o presidente do Senado, ou foi Pacheco quem achou que estava conquistando o ministro... e no fim Lewandowski foi o voto de desempate, que selou o 6 a 5 pelo fim das emendas de relator. Pois Lewandowski aproveitou e trancou uma ação da Lava Jato em que Geraldo Alckmin é investigado por propina de R$ 11 milhões da Odebrecht. Ele justificou a decisão alegando nulidade de provas.
Nome é destino
Tenho de contar para vocês um caso lá de Cabo de Santo Agostinho (PE). O prefeito foi preso e afastado da prefeitura por um desvio de quase R$ 100 milhões da previdência municipal. Dias Toffoli devolveu o mandato, mas a Câmara de Vereadores não aprovou as contas dele, e por isso a Justiça Eleitoral não aceitou sua candidatura agora em 2022 – mas já era tarde, porque seu nome já estava nas urnas eletrônicas. Houve a votação, e agora esse ex-prefeito pediu a Lewandowski que seus votos fossem contados. Lewandowski mandou contar, o ex-prefeito recebeu 35 mil votos e está eleito deputado estadual. Quanta sorte, não? Mas também, com esse nome... sabem como se chama esse ex-prefeito? Lula Cabral!
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos