O presidente Jair Bolsonaro (PSL) está em Washington, nos Estados Unidos, onde vai se encontrar com o homem mais poderoso da terra.
Brasil e Estados Unidos são aliados tradicionais. Tanto que essa é a primeira viagem ao exterior do presidente da República. Isso tem um significado. Ele antes não podia viajar porque estava com uma bolsa de colostomia, depois de ter sido esfaqueado numa tentativa de assassinato. Depois teve de tirar a bolsa e ficou um tempo no hospital. Mas na primeira viagem internacional, depois do Carnaval, ele está lá com Donald Trump, o presidente americano, falando sobre Brasil.
Eu disse que Brasil e Estados Unidos são aliados tradicionais, inclusive em guerras. O Brasil participou ao lado dos Estados Unidos nas duas guerras mundiais, cedendo até a Base de Guaramirim, no Rio Grande do Norte, para fazer o trampolim à vitória. Um voo por aquele estreito do Atlântico Sul, que une o saliente nordestino ao Senegal, na África. E de lá pela África Ocidental e Setentrional que foi quando os países aliados retomaram dos alemães o Norte da África.
Foi uma grande contribuição. Nem por isso o Brasil perdeu território ou teve soberania invadida.
Estou contando isso porque um dos assuntos do encontro entre Bolsonaro e Trump será a Base de Alcântara, no Maranhão. Por estar perto da Linha do Equador, a base brasileira tem uma vantagem sobre Cape Kennedy, na Flórida, um dos centros de lançamento da Nasa. Da base brasileira, é possível ter 30% de economia de combustível para jogar um satélite em órbita. Vai haver um acordo de preservação da tecnologia e isso vai ser importante.
Oportunidade para se integrar ao comércio internacional
Um outro assunto que será tratado no encontro é o comércio. Há 20 anos a gente perdeu a oportunidade de se integrar num mercado comum que iria do Alasca à Patagônia. Os governos daquela época tiveram medo de ter como sócio um país mais poderoso como os Estados Unidos. O Chile também não acreditou muito e fez muitos acordos com países asiáticos, por exemplo. E nós ficamos presos ao Mercosul.
O Brasil ficou dentro de si próprio, preocupado com o seu próprio mercado e não deu uma olhada para fora e fazer como fazem outros países. Cingapura, por exemplo, cresceu, ficou um país moderníssimo e riquíssimo por causa das negociações e acordos internacionais que possibilitaram o livre comércio com outros países.
O Brasil, por exemplo, pode ficar mais ligado à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Brasil vai sim negociar bastante com a China, ao contrário do que muita gente acha.
Mas o Brasil cometeu erros até aqui. E até a Inglaterra, que tem toda a experiência, cometeu um erro ao sair da União Europeia. E o que acontece de fato é que a União Europeia é quem está saindo da Inglaterra. Imagina os bancos, as indústrias, os capitais que vão deixar a Inglaterra e vão para a França e para a Alemanha.
Não podemos deixar de lado as oportunidades que o mundo nos oferece. E o mundo está olhando para a gente. Vejam só: nós não sabemos, mas o mundo já sabe que está caindo a insegurança pública no Rio de Janeiro. Vejam os números do ano passado, graças à intervenção federal: latrocínio caiu 62%, quase dois terços; o roubo de veículo caiu quase um terço, 29%; o roubo de carga caiu 19%. E, agora, neste último Carnaval os homicídios dolosos caíram cerca de um terço, 32%.
Os maiores capitalistas e investidores estão olhando para o Brasil. Estão vendo que o Brasil é uma oportunidade. Os Estados Unidos e o Brasil foram colonizados quase que na mesma época. Só que eles, os Estados Unidos, são o “primeirão do mundo” e nós ainda continuamos como terceiro mundo, só que agora com outro nome: economia em desenvolvimento.
Temos de aproveitar as oportunidades. E como aproveitar? Fazendo a reforma da Previdência que é necessária, mas também reformando essa burocracia, essa tributação, essa Justiça que a gente não sabe para que lado vai. Temos o problema de déficit público interno, mas não temos problema de dívida externa e não temos problemas com nossas contas correntes externas.
Um sinal da boa vontade dos investidores é que na sexta-feira passada (15), pela primeira vez, o índice Bovespa bateu 99 mil pontos. No tempo do caos, do governo Dilma Rousseff, estava em 43 mil pontos. Ou seja, as ações das companhias brasileiras mais que duplicaram nesse período.
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