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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Pacote fiscal

Ninguém mais acredita que o governo tenha compromisso fiscal

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Gabriel Galípolo rechaçou hipótese de ataque especulativo como explicação para a disparada do dólar. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado.)

Esfarelou-se o pacote fiscal do governo, aquela história de cortes. Não aconteceu nada. Como foi com o arcabouço fiscal, lá atrás, que serviu para derrubar o teto de gastos. A regra para limitar os gastos do governo, feita no governo Temer, era essencial, mas Lula eliminou porque queria gastar. Criou ministérios – eram 22, viraram 39. Isso custa dinheiro. De tanto gasto, gasto e mais gasto, vem o desequilíbrio, que resulta nesse dólar que está aí. Passou de R$ 6 e não volta mais. Tanto que o Banco Central botou US$ 8 bilhões à venda em leilão, e vendeu tudo, porque as pessoas acham que vai subir mais ainda e pretendem ganhar dinheiro.

O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado por Lula, já disse que não há especulação nisso. É a reação do mercado à pressão inflacionária, à pressão dos juros, e principalmente ao crescimento da dívida pública. O governo vai ter de pagar cada vez mais juros para pôr seus papéis no mercado e ter dinheiro para bancar suas despesas. E, como Lula não tem maioria no Congresso, mesmo tendo liberado emendas, já houve a desidratação das propostas do governo. O pacote fiscal já nasceu fraquinho, e nem isso vai conseguir aprovar.

Por isso vamos ter de aprender a lidar com o novo dólar. Por causa dos desequilíbrios. E o principal problema do governo vai ser a economia. O governo Lula é bom de propaganda, mas, quando as coisas não dão certo, a pessoa sente no bolso na hora de fazer as compras. Agora mesmo, por exemplo, já se sabe que a ceia vai custar 10% a mais que no Natal do ano passado – subiu mais que o dobro da inflação oficial.

Lei sobre celular na escola corre sério risco de não pegar

O Congresso aprovou a lei proibindo o uso do celular nas escolas, deste o infantil até o fim do ensino médio. Só ficou de fora o ensino superior. A lei proíbe o uso, mas não proíbe a entrada do celular na escola. E cria uma infração, que é usar celular no banheiro, escondido, atrás da árvore, onde for. Por que, então, a lei não impediu a entrada do celular na escola de uma vez? Que botem algum detector ou coisa parecida, porque do contrário vamos ter fiscal de celular no banheiro, no intervalo, no corredor, porque é proibido usar em qualquer lugar da escola.

A lei tem de ser exequível, para que naturalmente possa ser cumprida, do contrário ela vai ser deixada de lado. E abre exceção: o professor pode um dia fazer uma pesquisa que precise do uso de celular, ou um aluno pode alegar que estava usando o celular por causa de uma emergência, um caso de doença em casa, alguma coisa assim. Leis assim são teoricamente muito bonitas, mas têm de funcionar.

É como no livro O Pequeno Príncipe, que tinha um planeta cujo rei era tão poderoso que podia mandar o sol se pôr. Mas antes ele recorria à astronomia para saber exatamente a hora do pôr-do-sol. Assim como não adianta estar querer mandar o sol se pôr sem consultar a astronomia, não adianta fazer leis desconsiderando a natureza das crianças, dos jovens, dos adolescentes. Não vai dar certo.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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