O presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, disse em entrevista que, se uma pessoa abastecer o carro com R$ 200 de combustível, a Petrobras só estará recebendo R$ 71. O resto fica pelo caminho. O imposto federal é pequenininho e o grosso mesmo dessa margem vai para o governo estadual. A mesma coisa com o botijão de gás. De um botijão vendido a R$ 96, a Petrobras recebe apenas R$ 38. Já o governo estadual leva R$ 43.
Aí as pessoas dizem: "poxa, mas por que a Petrobras não baixa o preço?". É que ela não é a única produtora de combustíveis no Brasil. Existem 18 refinarias, sendo que 14 são da Petrobras. Mas se ela baixa o preço, as outras quatro vão falir, e a ideia não é essa, pelo contrário, o objetivo é estimular a iniciativa privada.
Aliás, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (16) que seria muito melhor que a Petrobras fosse privatizada, porque aí não pesava sobre o governo a alta dos combustíveis. E tinha garantia de que nunca mais partidos políticos e corruptos iriam meter a mão na empresa como fizeram no passado.
Reforma tributária
Os senadores adiaram, mais uma vez, a apreciação da proposta de reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça que estava prevista para esta quarta-feira (16). Passaram para a quarta-feira da semana que vem. Agora eles foram rápidos para pegar R$ 3,8 bilhões dos nossos impostos para botar na cultura na tal da Lei Paulo Gustavo.
Será que agora é tempo de se fazer isso? A cultura é importante, mas já tem a Lei Rouanet para isso e agora mais essa. Eu não consigo entender o que passa na cabeça dos senadores.
Dinheiro para campanha
O jurista Modesto Carvalhosa diz que deveria ter havido um plebiscito para perguntar ao povo brasileiro se ele quer dar dinheiro para sustentar campanha eleitoral. Por que destinaram R$ 4,9 bilhões dos nossos impostos para campanha eleitoral. E o Supremo Tribunal Federal chancelou isso que o Congresso fez.
É um dinheiro enorme, mais do que o dobro do que era antes. E tudo porque o Supremo proibiu que tenha contribuição de empresas para campanha eleitoral. Eu acho que quem deve dar dinheiro é aquele que segue o partido, o seu filiado, que gosta do partido. Mas o STF proibiu e agora todo contribuinte é obrigado a destinar parte do seu imposto para bancar campanha de partido político.
Isso ainda está causando o maior problema no pessoal da terceira via, porque tem a cláusula de barreira esse ano. Quem não eleger no mínimo 11 deputados federais em nove estados, está fora, não recebe mais um tostão de dinheiro público. Os partidos estão disputando internamente para ver quem fica com mais dinheiro.
O Podemos, por exemplo, que tem Sergio Moro como pré-candidato, já tem 11 deputados, ou seja, já está no mínimo. Se não eleger 11 na próxima eleição, não sei como vai sobreviver. O partido tem R$ 200 milhões do fundo eleitoral para gastar e pretende dar só 10% desse dinheiro para a campanha do Moro. Só que esses "só" 10% são R$ 20 milhões, quase dez vezes o dinheiro que Jair Bolsonaro usou para se eleger em 2018.
O PDT tem R$ 250 milhões. Muita gente está dizendo que Ciro Gomes não terá chance de se eleger, que tem que usar esse dinheiro para reeleger quem já está no Câmara e de quebra garantir uma bancada maior. O União Brasil, que vai receber R$ 700 milhões, já está pensando em botar esse dinheiro para eleger governador.
Resumo da ópera: é uma festa com o nosso dinheiro. Deveriam no mínimo dizer obrigado para nós, pagadores de impostos, e que ainda vamos dar mandato a eles através do voto.