Esta sexta-feira é um triste dia para o mundo, para a América Latina e para o Brasil. Mais uma ditadura permanece e se consolida sob a força das armas na Venezuela. Armas de milicianos, compradas com os impostos do povo venezuelano e distribuídas pelos integrantes do governo de Nicolás Maduro, para aqueles que quiserem apoiá-lo e intimidar a população, que em sua maioria (de 67%) votou para tirar Maduro e botar no seu lugar o embaixador Edmundo González, chamado nesta semana de “presidente eleito da Venezuela” pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Os EUA sabem disso, sabem que o resultado, com 83,5% das urnas apuradas, era de 67% a 30%. E aí veio a interrupção, quando Maduro soube que estava perdendo feio.
Maduro assumiu um compromisso em Barbados, e que o Brasil testemunhou: o compromisso de fazer eleições limpas. E não cumpriu. O Itamaraty cobrou, mas não adiantou nada, e não houve mais nenhuma outra ação do governo brasileiro. Na quarta-feira, Lula fez um discurso pró-democracia; nesta sexta, a embaixadora do Brasil na Venezuela deve representar o governo brasileiro e, com isso, atestar a posse ilegal de um ditador. No momento em que estou gravando, não sei se Lula acabou tendo o bom senso de desistir de mandar a representante para a posse.
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Gustavo Petro, presidente da Colômbia, o vizinho a oeste, o país que mais recebe refugiados venezuelanos, e que é de esquerda, declarou que não iria pela desobediência de Maduro aos direitos civis, pelos ataques, pelas prisões. Até María Corina Machado foi presa, atacada a tiros depois de um comício de protesto; dizem que foi liberada, depois de ser obrigada a fazer declarações gravadas lá pela milícia. Também foi preso um dos candidatos à eleição presidencial, de um partido de centro. Foi preso, ainda, um progressista, como chamou o presidente Petro, defensor dos direitos humanos.
A Human Rights Watch denunciou para o mundo inteiro esses atentados, mas apesar disso ainda ouvi, numa língua que não é nem espanhol nem português, uma representante do Partido dos Trabalhadores, Monica Valente, elogiando o ato, falando em “soberania”, “democracia”, “liberdade” etc. São frases feitas que não têm nenhum significado, assim como aquelas das autoridades nos discursos de quarta-feira. Defendem democracia, juram cumprir e defender a Constituição, mas são hipócritas, porque usam meios fora do devido processo legal para “proteger a democracia”.
Isso é o que vivemos, e por isso essa sexta é um dia preocupante. Maduro é um termômetro do que somos no continente, democratas sinceros ou apenas hipócritas, que usam a democracia como um rótulo de propaganda para enganar incautos. Mas pouco a pouco, graças ao iPhone – que Steve Jobs lançou em 9 de janeiro de 2007, há 17 anos –, que lançou o conceito de smartphone, hoje nos informamos muito mais. É contra isso, contra a informação, contra a liberdade de expressão e a favor da censura, que se mobilizam muitas forças aqui no Brasil, forças das sombras, da escuridão.
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