No próximo domingo, as urnas nos esperam, para decidirmos nosso próprio futuro e de nossos filhos e netos. Vamos dar procuração para outros brasileiros agirem em nosso nome, fazendo e mudando leis, administrando o dinheiro de nossos impostos. Não é o único momento em que o poder emana do povo, mas é o mais importante, porque formaliza a outorga do poder. Votei pela primeira vez em 3 de outubro de 1960. Meu eleito, Jânio Quadros, renunciou no ano seguinte, criando uma crise que nos tirou o voto direto para presidente. De Castello a Tancredo-Sarney, presidentes foram eleitos pelo Congresso.
Quando voltou a eleição direta para presidente, em 1989, a polarização Lula x Collor no segundo turno foi semelhante à de hoje, com ânimos à flor da pele, esquerda e direita se digladiando. Eu cobri aquela campanha, mediei o debate final entre os dois, comentei o Ibope, transmiti os resultados – mas não lembro dos nomes dos ministros do TSE nem do Supremo daquela época. Naquele tempo, esses tribunais agiam com discrição, sem intromissão ou ativismo. Collor ganhou e depois sofreu impeachment. No Supremo, foi inocentado sob alegação de que notícia de jornal não é prova. Assumiu o vice Itamar, que nos deu o Plano Real e o fim da hiperinflação.
Nunca vi uma campanha tão animada nem uma escolha tão fácil como agora. Afinal, os dois submetidos ao julgamento das urnas são bem conhecidos
Depois vieram eleições presidenciais com disputas entre PSDB e PT, entre mais esquerda e menos esquerda. Após o desastre da corrupção e apropriação do Estado, apareceu Bolsonaro, despertando uma maioria que o elegeu em 2018. Houve polarização direita x esquerda, mas atenuada porque Lula estava cumprindo pena. Condenações anuladas e liberado para ser candidato, pelo voto de juízes que hoje comandam o TSE, Lula voltou à cena e a campanha ficou acirrada, embora ele não tenha se exposto às ruas. Agora faltam poucos dias para ser julgado pelos eleitores. Os dois candidatos acham que vencem no primeiro turno; um olha para as pesquisas e outro olha para as ruas. Vai ser um teste definitivo das pesquisas, que erraram feio na última eleição presidencial.
Nunca vi uma campanha tão animada nem uma escolha tão fácil. Afinal, os dois submetidos ao julgamento das urnas são bem conhecidos. Lula foi presidente por oito anos e comandou o PT, que governou por mais seis anos depois dele. Uma exposição de 14 anos no governo. Bolsonaro, no próximo domingo, terá 3 anos e 9 meses de presidência. O que os dois fizeram e deixaram de fazer é conhecido por todos. De nenhum eleitor será aceita a desculpa de “eu não sabia”.
No último dia 22 começou a primavera, estação das flores, da renovação da vida. Vamos votar em plena primavera. Que aquilo que ela simboliza nos inspire a contribuir para que se derrame uma longa primavera sobre todos nós, brasileiros, até nossos bisnetos.
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; acompanhe o Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS