O presidente Jair Bolsonaro precisou pedir desculpas ao Supremo Tribunal Federal e a outras instituições por causa de uma postagem que ele disse que não é dele. No vídeo, Bolsonaro é retratado como um leão velho e enfraquecido atacado por hienas.
As hienas do vídeo tem um ícone em cima com nome de instituições como: CUT, PT, OAB, CNBB, STF, coisas assim. Depois o leão é salvo por um leão jovem chamado “conservador patriota”, talvez filho do leão velho, e espanta as hienas.
Quando vi a primeira vez, eu pensei: “isso não é de Bolsonaro”. Pelo temperamento dele, ele não se retrataria como um leão velho e fraco. Foi alguém que fez isso. E até de modo grosseiro e rudimentar houve a reação dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio.
Bolsonaro pediu desculpas. Disse que não foi ele quem postou, mas de alguém que tem acesso a conta de Twitter dele. Lamentável esse episódio. O presidente disse que ia fazer uma retratação maior.
Divergências de lado
Bolsonaro deveria ir a posse – não sei se já decidiu ir – do presidente argentino, Alberto Fernández. Primeiro, porque terminou a campanha eleitoral. O próprio Macri, que foi derrotado, já o recebeu em um café da manhã. Os dois estão conversando.
A transição está sendo muito amistosa e fraterna. O presidente recém-eleito chamou o Macri de irmão, vejam só. Então o presidente do vizinho do norte (Bolsonaro) bem que poderia dar uma recuada na campanha em que ele se meteu apoiando Macri.
O novo presidente da Argentina também. Em campanha ele veio visitar o ex-presidente Lula e entrou no Lula Livre em Curitiba. Fernández afirmou que Lula está preso injustamente. Os dois presidentes precisam resolver isso porque Brasil e Argentina estão juntos.
Os empresários brasileiros que exportam para a Argentina estão preocupados. Tem gente que exporta veículo e autopeças que disse que o importador argentino falou que o Fernández é um moderado e que ele é pela economia de mercado e pelo equilíbrio fiscal.
Os calçadistas gaúchos estão preocupados também, porque se houver populismo como o congelamento e o aumento de salário, como falaram, vai ser ruim para os exportadores brasileiros. Medidas populistas são a fórmula da implosão do país.
O Brasil é o primeiro fornecedor da Argentina e a Argentina, depois de China e Estados Unidos, é o terceiro maior fornecedor do Brasil. Então não há interesse nenhum em quebrar essa relação, que tem que ser pragmática. Os dois precisam deixar de lado as divergências políticas.
A nova mania brasileira
Na terça-feira (29), estive mediando um debate envolvendo companhias aéreas brasileiras. Os CEOs da Latam e da Gol, o secretário de Transporte Aéreo Civil e o superintendente da Anac estavam presentes.
Nós falamos sobre o futuro da aviação brasileira, que é um mercado muito competitiva. Elas estão na altura das demais companhias aéreas do mundo, mas estão sofrendo muito com os altos custos do Brasil e com a judicialização, que é a nova mania brasileira.
As companhias aéreas são processadas pela meteorologia ou por conta de um drone que interrompeu as decolagens. Ao mesmo tempo, os impostos são altos, o querosene no Brasil tem uma carga fiscal muito grande.
Parece que tudo isso está se encaminhando para ser resolvido. Assim, nós teremos condições de estimular o turismo inclusive, desde que ofereçamos segurança pública para quem quiser nos visitar e para nós brasileiros.
Terceira via?
No dia 7 de novembro vai ser retomado o julgamento da prisão em segunda instância no STF. O noticiário disse que o presidente da Corte, Dias Toffoli, está inventando uma terceira saída.
Eu fico morrendo de medo de uma invenção de um presidente do Supremo. Da última vez que um presidente da Casa, a época Ricardo Lewandowski, inventou algo foi no julgamento de Dilma e acabou rasgando pelo meio o parágrafo único do artigo 52 da Constituição.
Durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Lewandowski liberou a presidente impedida a participar de eleição. Isso foi uma agressão à Constituição gravíssima. Eu estava estava cobrindo e percebi isso. São coisas do Brasil, jabuticabas brasileiras.