Estão os partidos políticos representando verdadeiramente as diversas correntes ideológicas, doutrinárias e culturais que fazem parte da vida e das diferentes raízes de seus eleitores? É bom lembrar, antes de mais nada, que os eleitores são os mandantes dos políticos – e esses, seus mandatários –, já que na democracia o poder emana do povo. Estão os partidos sendo os reais representantes, procuradores e defensores das expectativas, esperanças e necessidades do povo? Parece que não. E também parece que os partidos não querem encarar esse fato, porque não querem abandonar seu fisiologismo e sua distância da origem do povo. Os partidos só se aproximam do povo em vésperas de eleição, como agora. Se auscultam a origem do poder nessa fase, parece que depois esquecem.
Os programas partidários são todos parecidos, quase iguais. Emprego, desenvolvimento econômico, diminuição das desigualdades... Pergunte a um eleitor cujo casebre exibe na parede o cartaz de algum partido por 30 anos se sua vida melhorou por ter sido eleitor fiel. Se teve saneamento, atendimento à saúde, segurança, ensino eficiente para os filhos, oferta de bom trabalho. Quais os resultados dos discursos, entrevistas, declarações, promessas nas redes sociais? Tornaram-se realidade? Os partidos políticos, com os bilhões de reais dos pagadores de impostos a garantir fundos para campanhas e para sustentar suas atividades, estão conscientes de que devem satisfações à origem do poder e do dinheiro que os sustenta?
O povo europeu sente que as lideranças falharam, com imigração descontrolada e importação dos modismos woke americanos
A recente eleição para o Parlamento Europeu mostrou como as correntes políticas tradicionais, a social-democracia e a democracia cristã, com todo o avanço cultural europeu, não estão conseguindo dar respostas às necessidades de seus cidadãos. Imagino como estão se sentindo também os dois partidos americanos – democratas e republicanos –, em ano eleitoral, diante do povo que venera Thomas Jefferson e Abraham Lincoln.
Na Europa, o eleitor votou em novas forças e as velhas oligarquias limitam-se a tentar desqualificar as novidades, chamando-as de “populismo” – Macron chama de “fascismo”. Mas o povo europeu sente que as lideranças falharam, com imigração descontrolada e importação dos modismos woke americanos. São os mesmos desde o fim da Segunda Guerra e não querem largar o poder; o povo avisou, nessa eleição do Parlamento Europeu, que vai tirá-los. Lá, pelo menos, todos garantem a liberdade de expressão.
Lá, como cá, os partidos – vale dizer, seus “donos” – vão ter de mudar se quiserem ficar. Não adianta rotular a novidade; é preciso conhecer a vontade de seu patrão, o povo. Estão tentando enfiar goela abaixo do povo ideias estranhas ao espírito brasileiro – e vão perder. Bobagens importadas, após serem geradas por elites supostamente revolucionárias, não serão nem sequer compreendidas. Ainda não estamos no altar de discussões intelectuais; nosso chão é mais embaixo. Estamos precisando de saneamento, esgoto, água tratada, saúde básica, ensino de verdade, segurança, proteção à vida e à propriedade e respeito a um povo que pouco tem, mas percebe quando um político está mentindo e quando seu partido já não está à altura da expectativa.
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