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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Medida da democracia

Sacrário do voto

Carga e Lacração de urnas nas eleições de 2018
Urnas eletrônicas usadas nas eleições 2020 (Foto: André Rodrigues/Arquivo Gazeta do Povo)

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No senado americano, Trump livrou-se do impedimento porque não foi atingida a maioria legal de 67 votos. Faltaram 10 votos. Ele não havia sido reeleito presidente porque lhe faltaram votos. A medida da democracia são os votos. Lira e Pacheco foram eleitos na Câmara e no Senado fazendo mais do que o dobro do adversário mais próximo. A autonomia do Banco Central, desejada há 30 anos, foi alcançada por 339 votos contra 114. Quem quer a autonomia é três vezes maior que quem não quer. Bolsonaro foi eleito presidente com quase 58 milhões de votos - 10 milhões 757 mil votos mais que seu adversário. Democracia é voto. É a soma que decide quem será a maioria que decide. Por isso o voto é sagrado. E cada voto singular é sagrado, porque um voto sempre é o decisivo; os demais são sobra.

Sobre o voto, há duas questões bem atuais. Os que não têm espírito democrático, não aceitam resultados de votações quando perdem; só aceitam quando ganham. Em cabeças totalitárias, o voto só serve para confirmar sua vontade, exatamente como funciona em regimes totalitários, onde se usa o voto para legalizar o que não é legítimo, tal como se lava dinheiro. Quando não se pode fazer isso, tenta-se substituir o resultado de eleições por outros meios. Os sem votos suficientes, a conviver em que não gostam de democracia, não sabem exercer o papel de minoria e tentam solapar o resultado da vontade da maioria.

Temos visto aqui todos os dias. Uma micro minoria furiosa porque o povo ousou eleger outros que não aqueles que tentaram lhe impor. Deixou de existir a crítica construtiva; a oposição corretiva, fiscalizadora, necessária para corrigir rumos de governo preferido pela maioria. Em lugar disso, usam de todos os meios para destruir, ainda que atingindo o país. Uma espécie de vingança contra a maioria, de onde veio o poder. Diariamente se tenta destruir, como um inimigo externo a atacar o país.

Isso acende o botão de alerta para a próxima eleição presidencial. Se já se mostram capazes de impedir até o devido tratamento na pandemia, imagino o que seriam capazes de fazer, no desespero, em relação a uma eleição baseada em urnas eletrônicas que têm pouca chance de auditoria. A ação deletéria contra a manifestação do voto popular, onde se origina o poder, precisa, cada vez mais, ter a contra-medida do comprovante do voto, para dissuadir tentativas de burlar o sacrário do voto.

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