Segunda-feira (10) na Fundação Oswaldo Cruz, o ministro Eduardo Pazuello disse que não é correto ficar em casa com sintomas, até sentir falta de ar. Lembrou que o essencial é o diagnóstico precoce e o tratamento imediato.
A propósito, o maior erro de um ministro que o antecedeu foi ter recomendado que, ao sentir sintomas da Covid-19, a pessoa ficasse em casa por 14 dias e só procurasse auxílio quando sentisse falta de ar. Ora, a falta de ar já indica uma fase adiantada da doença, em que os pulmões estão com líquido e o ar inspirado não oxigena o sangue o suficiente. Esse foi um grande erro.
O primeiro erro foi não terem cancelado o carnaval, numa época em era cancelado o Ano Novo Chinês. As aglomerações em bloco inocularam o país, principalmente a partir do Rio e São Paulo.
Agora, as notícias sobre mais de 100 mil vidas perdidas para a Covid ainda deixam dúvidas sobre se foi mesmo o corona. A Itália é o quarto país mais atingido pelo vírus - 582 mortes por milhão de habitantes (o Brasil é o nono, com 476 mortes por milhão). E estudos italianos, comparando o atestado de óbito com o prontuário, revelam que, em média, os que morreram tinham outras três doenças. No Brasil morreram no ano passado 140 mil pessoas por infecções das vias respiratórias inferiores, como gripe e pneumonia, não contando casos crônicos.
O triste nisso, além do carnaval mantido e o mau conselho inicial do Ministério da Saúde, é a desigualdade entre os que têm meios para se prevenir e se curar rapidamente, e os que ficam à mercê da sorte. Há os que têm acesso a preventivos como o zinco, a vitamina D e à receita para ivermectina; havendo sintomas, facilidade com receitas para hidroxicloroquina e azitromicina com o médico de família - uma solução que não entra nas estatísticas.
Mas a maciça maioria da população não tem essa proximidade com médicos e recursos, por exemplo, para ir à farmácia de manipulação com pedido de zinco. O ministro Pazuello disse que "a gente precisa compreender parar o sangramento”.
Em Brasília, dois grupos de 492 médicos estão realizando trabalho voluntário em comunidades carentes de prevenção e tratamento da Covid-19. Há, inclusive, conta bancária recebendo contribuições para comprar os medicamentos para quem está à margem da proteção contra o vírus. Iniciativas assim se espalham pelo Brasil, para “parar o sangramento”.
Quanto às 100 mil mortes por coronavírus, se foi ou não foi coronavírus, o que importa são as vidas que se foram e fazem levantar uma terrível pergunta: quantos morreram porque se demorou no tratamento?
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