Saiu o ministro da Educação, Vélez Rodríguez, e entrou o técnico professor universitário Abraham Weintraub. Ele fez parte da equipe de transição e colaborou para a formação do programa do novo governo. Depois foi trabalhar como secretário executivo do Gabinete Civil da presidência da República, com o ministro Onyx Lorenzoni.
Abraham Weintraub era professor da Unifesp, em Osasco (SP). Eu recebi várias mensagens de amigos que são donos de universidades e faculdades que dizem que ele é excelente, que foi uma ótima escolha.
Agora o Ministério da Educação vai funcionar – já que não vinha funcionando direito. Não exatamente por causa da capacidade de magistério do professor Vélez Rodríguez, mas pela incapacidade dele em administrar tantos egos. Saíram vinte pessoas. Inclusive teve uma secretária que, na verdade, acabou sendo uma ex-futura secretária – ela não chegou a assumir -, a Iolene Lima.
Toda hora havia um choque de egos lá dentro do Ministério. Os intelectuais têm muito de fogueira das vaidades, e o Ministério ficou mais ou menos paralisado. Além de que há muitos cargos em comissão de governos anteriores que não puderam ser retirados, porque eles eram essenciais para o funcionamento do Ministério e acabaram agindo como uma espécie de quinta coluna lá dentro, prejudicando os trabalhos do novo Governo.
Agora temos um técnico formado em Economia, que já trabalhou na área financeira e estava no Gabinete Civil. Ele tem sido muito bem recebido, pelo menos entre aqueles que eu conheço no ensino particular.
Ele não segue a cartilha de Olavo de Carvalho, ele próprio disse isso, e também não é filiado a partido político.
Um novo Banco Central
No almoço de ontem eu ouvi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falando sobre novidades do Banco Central.
O BC vai fazer coisas que nunca fez. Sempre ficou cuidando da política monetária, administrando a inflação, a oferta e demanda de moeda. Mas agora está indo além para facilitar e fazer com que o crédito chegue às pequenas empresas, e que haja uma disputa que beneficie também o aplicador.
Está todo mundo falando no tomador de empréstimo, mas não no investidor que empresta o dinheiro para o banco. Esse está sendo pouco remunerados, e Rodrigo Campos Neto tocou nesse ponto.
Com a palavra, Roberto Campos Neto
Eu anotei algumas coisas durante o almoço, vejam só. Ele lembrou de alguns mitos que o avô dele já citava. É um mito que o Estado é o condutor da economia. É um mito o tal modelo exportador, porque senão houver infraestrutura, por exemplo, para tirar soja lá do Centro-Oeste brasileiro, o nosso produto fica mais caro.
Ele falou também do mito de capitalismo selvagem. Frisou que tem de haver liberdade, não selvageria: sem liberdade de produção e preços não funciona. Falou ainda das riquezas naturais: não adianta a gente ter riquezas naturais, precisamos ter capital para investir, tem que haver mercado e tecnologia para investir nessa riqueza natural. Por exemplo, é muito melhor a gente exportar aço ou manufaturados de aço, do que só o minério de ferro.
Ele lembrou que as estatais elevaram de 35 mil para 75 mil o número de funcionários nesses últimos governos. E que a reforma da Previdência não pode vir sozinha, tem que vir também a desburocratização. Aliás, no almoço estava presente um dos filhos de Hélio Beltrão (um ícone na desburocratização): o Hélio Beltrão Filho.
O presidente do Banco Central disse ainda que tem de haver eficiência do funcionalismo público. Com o mundo digital, o crédito e os serviços bancários estão muito mais baratos. E há ainda a possibilidade de uma desmonetização, ou seja, dinheiro digital.
É aquela coisa que eu falei: não há um olhar para o poupador, só para quem empresta e toma emprestado. Por isso, é preciso olhar também para aquele que poupa e empresta ao banco, para que o banco possa emprestar.
Neste sentido, também é importante atender mais e melhor: a pequena empresa, as empresas estrangeiras e a pessoa física. Afinal, microcrédito, cooperativismo, mercado de capitais são fatores importantes.
Roberto Campos Neto disse também que no Brasil é preciso se pensar mais em segurança cibernética, para dar segurança às transações através do computador e do mundo digital. Os subsídios no mercado financeiro não têm sido transparentes. Tem que haver a independência, a autonomia do Banco Central.
E disse ainda que o Brasil tem que ter mais empreendedores e menos atravessadores. Nós passamos anos de soluções públicas para resolver problemas privados, agora tem que haver soluções privadas para resolver os problemas públicos.