Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Aparelhamento

STF mantém Lei das Estatais, mas deixa brechas para nomeados por Lula

Aloizio Mercadante foi nomeado presidente do BNDES, apesar de vedação da Lei das Estatais. (Foto: Agência BNDES/Divulgação)

O Supremo decidiu que a proibição de nomear políticos para a direção de estatais está valendo, é constitucional. É uma lei de 2016, a Lei das Estatais, muito moralizadora, do governo Temer, que teve várias leis moralizadoras. Mas Lula pegou o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste, a Caixa Econômica, a Petrobras, e nomeou políticos; um senador saiu do Senado e já foi para a Petrobras, por exemplo; Aloizio Mercadante foi para o BNDES. O governo foi ao STF e Ricardo Levandowski deu uma liminar, dizendo que a lei era inconstitucional e que Lula podia nomear quem ele nomeou.

Agora, o Supremo disse que a lei é constitucional, não fere a Constituição. Está valendo e é moralizadora. Só votaram contra o próprio Lewandowski, que deixou o voto lá antes de se aposentar e já está no Ministério da Justiça; o novo ministro Flávio Dino, indicado pelo presidente Lula; e Gilmar Mendes. Os outros confirmaram a lei. Mas disseram que aqueles já nomeados estavam protegidos pela liminar e, se tivessem de sair agora, isso prejudicaria a administração pública. Então tudo bem: a lei é constitucional, a lei é lei, a lei é moralizadora, mas tudo bem passar por cima da lei.

WhatsApp: entre no grupo e receba as colunas do Alexandre Garcia

Vi no site do Correio Braziliense o destaque para uma entrevista do presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. “Destaque” é quando o editor examina o texto e vê qual é a frase mais forte. Pois, das inúmeras respostas que deu o presidente do Tribunal de Justiça, o editor escolheu a seguinte frase: “o papel do Judiciário é cumprir as leis e a Constituição”. Como isso é um óbvio ululante, imagino que o editor tenha feito uma ironia, puxando a orelha do Supremo, lembrando que o papel do Judiciário é cumprir as leis e a Constituição.

Caso da Coteminas ilustra as dificuldades de empreender no Brasil

A grande Coteminas, maior empresa de tecidos do país, conseguiu recuperação judicial. Está devendo R$ 1,1 bilhão para 15 bancos, principalmente Banco do Brasil, Bradesco e BTG Pactual. Ela tem acordo com a chinesa Shein, que já emprestou US$ 20 milhões; depois disso, demitiu 700 em Blumenau, provavelmente da Artex, sua subsidiária, também do mesmo grupo, assim como a M. Martan, a Santista e a Amo Varejo, marcas que o grupo tem. Uma tutela de urgência decretou a suspensão das cobranças das dívidas.

VEJA TAMBÉM:

Eu conheci o fundador, José Alencar, um grande empresário. Estava atrás do balcão com o pai dele, vendendo tecido, e fez a Coteminas. Acompanhei a inauguração da Coteminas lá no Rio Grande do Norte. Alencar já morreu, foi vice-presidente de Lula. Lembro que José Dirceu me disse “nós não vamos ficar mais puro-sangue, vamos fazer acordo do outro lado”. O PT foi procurar o maior empresário de Minas, e Lula foi eleito junto com Alencar. O filho dele, Josué Gomes da Silva, que é presidente da Fiesp – foi afastado, depois voltou –, é quem está dirigindo a empresa agora.

Isso nos lembra que as coisas não estão fáceis nem para grandes empresas aqui no Brasil. Por isso o Copom reduziu pouco a taxa de juros, e o governo fica correndo atrás de impostos. Cobra ainda mais impostos das empresas e cria um círculo vicioso, enquanto o círculo virtuoso é gerado por pouco imposto. Quanto mais impostos, mais o empresário se sente oprimido e vê a necessidade até de sonegar. Mas os governos não entendem isso, principalmente quando não são bem administrados, incham e vão precisando de dinheiro. Vira aquela bagunça generalizada no Estado, que deveria servir a nação, porque é para isso que a nação sustenta o Estado.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

+ Na Gazeta

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.