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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Economia

Juro só não cai mais rapidamente porque o governo atrapalha

Edifício-sede do Banco Central em Brasília: apesar de queda na Selic, Brasil ainda tem o maior juro real do mundo. (Foto: Leonardo Sá/Agência Senado)

Na quarta-feira o Conselho de Política Monetária do Banco Central baixou os juros. O BC é a instituição destinada a proteger a moeda e administrar o crédito para evitar que a moeda se desvalorize, evitar a inflação, que tira o dinheiro principalmente dos mais pobres, para remunerar o dinheiro dos mais ricos que estão investindo. A taxa básica de juros é aquela que serve para as transações interbancárias, e ao mesmo tempo um sinal do tamanho dos juros. A Selic estava em 12,75% e foi reduzida para 12,25%, ou seja, meio ponto porcentual de redução.

O ritmo de queda está lento porque o governo está gastando mais e arrecadando menos, e com isso o déficit público aumenta. Para manter tudo funcionando, o governo joga papel no mercado. Tem de pagar a dívida, rolar a dívida e pagar o juro da dívida. E, para vender papel, o governo tem de oferecer bons juros. Então, o governo é um fator de juro alto, que acaba sendo cobrado de todo mundo, porque vai para o mercado, todos pagam juro alto.

Governo demoniza quem tem armas, mas quer R$ 1 bilhão em impostos deles

Por falar em arrecadação caindo, vejam que paradoxo, ou que ironia. Em três anos, o governo quer cobrar R$ 1,1 bilhão dos atiradores, colecionadores e caçadores, segmento que a esquerda sempre criticou. Está aumentando o imposto sobre armas e munição, que era de 29,25% e passa para 55%, por um decreto do presidente da República, que tem poderes para mudar a alíquota de imposto. O interessante e o que está implícito nisso: que o governo só vai ganhar se as pessoas comprarem armas e munição. Em outras palavras, na superfície o governo combate as armas, mas no fundo, no fundo, quer que as pessoas comprem armas para que ele receba R$ 1,1 bilhão em impostos...

Reforma tributária vai mal, e PT e Pacheco batem boca 

Enquanto isso, vem a notícia de que vai mal, no Congresso, a tal reforma tributária, que para o governo – pelo menos é o que diz a ministra do Planejamento, Simone Tebet – seria a solução de tudo. A reforma vai mal, está muito enrolada, cheia de coisas que não estão sendo aceitas pelos representantes dos pagadores de impostos brasileiros. Ao mesmo tempo, a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, têm uma altercação, um bate-boca, um acusando o outro. Isso terá reflexos nas votações no Senado.

Oposição quer endurecer penas, e esquerda quer transformar o Brasil em Califórnia 

Aliás, na Câmara o governo foi derrotado na votação do projeto de lei que aumenta a pena para roubo, furto, latrocínio e receptação. O governo votou contra, não quer, mas perdeu, mesmo com os votos do PT, do PSol e do PDT. O interessante é que o PSol tem até projeto de lei para descriminalizar os pequenos furtos, por insignificância ou por necessidade. Quer seguir a Califórnia, onde há saques, as pessoas entram em supermercados, farmácias, e vão levando, porque fizeram uma lei que limita o que é realmente furto. Ao contrário, o projeto de lei aprovado está aumentando as penas para restringir o crime. Temos 500 mil furtos registrados na delegacia por ano, mas eu acho que o número real é cinco vezes maior, porque as pessoas não se dão ao trabalho de registrar os pequenos furtos. Além de tudo, já existe no Brasil o “furto famélico”, em que a pessoa tem fome e rouba um pão; claro que o furto de uma garrafa de cachaça já é outra coisa, não é para matar a fome.

A tolerância zero de Nova York fez despencar o crime. Tolerar o crime, ao contrário, aumenta o crime. Aliás, vejo aqui que estão botando Exército, Marinha e Aeronáutica em dois aeroportos, Galeão (RJ) e Guarulhos (SP), e em dois portos, Santos (SP) e Itaguaí (RJ), para evitar a entrada de armas. Mas, até onde eu ouço falar de amigos da Polícia Federal, as armas entram de caminhão, pela fronteira.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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