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Um dos abrigos que concentram vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul.
Um dos abrigos que concentram vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul.| Foto: Divulgação/Secretaria de Esporte e Lazer do RS

Eu recebi a primeira página do jornal Época, de Caxias do Sul, do dia 11 de maio. Uma cobertura perfeita da catastrófica cheia no Rio Grande do Sul, com todos os detalhes, todas as cidades atingidas, tudo. Só que o jornal é de 1941! É como se fosse hoje.

Tenho falado aqui que a água só subiu mais agora porque os leitos dos rios – o estuário do Guaíba, o Rio Jacuí, o Rio dos Sinos, o Rio Caí, o Rio Pardo, o Rio Vaca-Caí – estão todos assoreados, cheios de areia e de sujeira. Até a Lagoa dos Patos está assim. Tem de dragar, e se não fizerem isso agora a tragédia vai se repetir, como 2024 está repetindo 1941. Além disso, em 1941 não havia tanta gente nem tanta casa em várzea. E as pontes daquela época – ou ao menos a maior parte delas – eram mais seguras. Acho que o pessoal fiscalizava; agora já não sei, acho que não fiscalizam a construção, não sai um concreto que resista à água, e acaba caindo tudo.

É muito triste ver o número de 1,3 mil pessoas que estão sozinhas, longe da família e sem saber onde ela está. Isso inclui bebês e idosos; as crianças foram simplesmente resgatadas e ninguém sabe quem é a mãe ou o pai; os idosos, ninguém sabe se têm família ou não, alguns estão desorientados. É terrível, perder tudo e perder os familiares ou algum familiar.

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Lula faz nomeação para o Rio Grande do Sul pensando em 2026

Enquanto vemos a tragédia, está se desenrolando a ação política. O presidente Lula indicou Paulo Pimenta, que é gaúcho de Santa Maria, como uma espécie de interventor; vai se preparar para uma futura candidatura ao governo. Se trabalhar mal, a candidatura acaba ali mesmo e ainda poupa Lula, que está atrás, distante; se trabalhar bem, aumenta suas chances. O governo de Eduardo Leite é que não gostou muito da indicação de Pimenta para coordenar o esforço federal no Rio Grande do Sul.

Onyx Lorenzoni, outro político que já foi candidato a governador do Rio Grande do Sul e já trabalhou numa emergência – a da Covid, como ministro do governo Bolsonaro –, pediu na quarta-feira para que esqueçam as diferenças políticas. Ponham o nome que quiserem nos programas, mas não precisam inventar nada; já está tudo pronto, é só acionar no Ministério do Desenvolvimento Social e na Caixa Econômica Federal. O auxílio emergencial; o BEM, que é um programa de auxílio para as empresas para manter os empregos; e o Pronampe. Lorenzoni está pedindo “pelo amor de Deus, esqueçam partido político, esqueçam as diferenças”, mas está muito difícil esquecer. Aí a burocracia se mistura com a ideologia, e quem está na ponta, quem precisa da ajuda, tem de esperar um pouco mais até que a burocracia resolva essas questões.

Coronel Naime foi solto, mas ainda há oficiais superiores presos pelo 8 de janeiro 

Foi solto o último dos coronéis da PM do Distrito Federal que estavam presos por causa do 8 de janeiro. Eram cinco coronéis, o posto máximo da PM, mas só um continuava preso até agora: o coronel Naime, que era o comandante de Operações; os outros quatro já tinham sido soltos. Ainda está preso um major, o major Alencar. Diz a imprensa que ele foi “supostamente flagrado por câmera desfazendo bloqueio”, “supostamente sugerindo deixar entrar na Câmara”. Não sei como é que alguém fica preso por “supostamentes”. É uma coisa muito estranha, se é que a notícia realmente está traduzindo o que está no inquérito. Também segue preso um tenente-coronel do Exército, Rafael Martins de Oliveira, suspeito de pedir R$ 100 mil ao coronel Mauro Cid para organizar manifestações contra a eleição de Lula. Ora, isso é caso para o Regulamento Disciplinar do Exército (RDE); não sei por que o inquérito dele não está na Justiça Militar.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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