Eu só ouço um lado nessa questão dos yanomamis. Então, vou contar o outro lado, que eu li em um artigo do José Altino Machado, um dos maiores conhecedores da Amazônia - e não é conhecedor de livro de biblioteca, de pegar o livro na estante.
Em um artigo na Gazeta do Amapá, ele escreveu, digamos, que daria a vida se fosse mentira: ele duvida que se encontre mercúrio metálico em algum yanomami doente. Disse que vão encontrar, sim, o metilmercúrio, que vem de barragens, do apodrecimento de árvores que não são retiradas das represas, de uma bactéria que apodrece as coisas da floresta, mas não o mercúrio metálico dos garimpos.
Ouvi também um deputado venezuelano dizendo: "olha, esses famintos que estão aparecendo lá, dá para se ver pela fala que são venezuelanos. São nossos; não são brasileiros." Por fim, todo mundo levando comida para lá faz com que eu me pergunte: se as ONGs não resolveram a situação, o que estão fazendo lá? Será que a floresta, os rios, os recursos naturais não dão mais nada para as pessoas que moram lá? Como é que sobreviveram nos últimos 500 anos? Trata-se de um território do tamanho de Pernambuco, estado onde moram 9,2 milhões de brasileiros. Lá na reserva, vivem 30 mil pessoas.
Eleição para a presidência do Senado
Também quero chamar atenção para a eleição desta quarta-feira (1º) no Senado. Na Câmara já está decidido que o presidente será Arthur Lira (PP-AL). No Senado, está entre Rogério Marinho (PL-RN) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que representa a manutenção do status quo, em que ele senta em cima de pedidos de esclarecimento que levariam a gente de volta ao estado de direito. Isso embora ele seja advogado.
Três partidos (PP, PL e Republicanos) lançaram Rogério Marinho, que já foi ministro, deputado e senador e que é uma grande figura. Tanto que fez um discurso mostrando que é preciso recuperar o estado de direito e que vai tratar todo mundo igualmente. Vai querer diálogo com o Judiciário, que extrapolou o seu o seu poder sobre o Legislativo.
O PT e o presidente Lula estão apoiando abertamente Pacheco. Diz o zum-zum de Brasília que ministro do Supremo está ligando para senador pedindo voto para Pacheco. Todo eleitor tem o direito primordial de cobrar de seu senador o voto, porque a origem da eleição do senador foi o voto do eleitor. É ele quem deve ligar ou mandar mensagem para seu senador pedindo para votar em determinado candidato.
Rogério Marinho pode trazer de volta o estado de direito
É uma eleição que vai fazer diferença para o Senado. Pode representar uma volta ao estado de direito, o fim da censura, a garantia das liberdades básicas de expressão e de opinião. Mas a eleição de Marinho vai ser muito difícil. Pacheco está com um espírito de "já ganhou". Quem está trabalhando por ele, fazendo campanha, é o senador Davi Alcolumbre (União-AM), que tem a garantia de que vai permanecer na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal do Senado, e já está até distribuindo os cargos na mesa diretora da Casa.
Pacheco parece que não está nem se movimentando com isso. De alguma forma é também eleger Alcolumbre. Então tem um grande significado essa eleição de presidente do Senado, porque eu acredito que o resultado pode representar a volta à normalidade institucional do Brasil, com uma nova força. Pode representar também a primeira vitória de Lula no Congresso, ou sua primeira derrota.
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