Nos primeiros minutos do primeiro dia útil do ano de 2025, o dólar saltou de R$ 6,17 para R$ 6,22. Todo mundo pensou que ia disparar de novo. No fim, fechou em R$ 6,16, um centavo a menos que na abertura. Mas dificilmente vai baixar, a menos que o governo decida diminuir seus gastos para que sobre dinheiro para investir em serviços públicos.
Estilo de vida e alimentação estão deixando nossos jovens doentes
Há um assunto que é político, porque tem consequências políticas. Somos um país doente em que a saúde pública é obrigação do governo – está na Constituição, saúde é dever do Estado –, e jovens, adolescentes e crianças estão ficando doentes antes de chegarem aos 50, 60, 70 anos. Estão com doenças que antes eram apenas de pessoas idosas. Alguns dados da saúde pública – não entra aqui o atendimento privado, então –, do Ministério da Saúde, publicados pelo Estadão, mostram que o número de pessoas de até 18 anos que procuraram atendimento por obesidade quintuplicou nos últimos oito anos. Os casos de diabetes entre crianças e adolescentes até os 18 anos triplicaram nesse mesmo período; os de infarto mais que duplicaram.
Isso é assustador. Na minha geração, em cada 100 crianças na escola, havia no máximo um ou dois com obesidade; ninguém com diabetes, problemas de glicose no sangue ou infarto. Por quê? Porque naquele tempo todo mundo corria, subia em árvore, pulava muro, fugia da vaca, jogava futebol o dia inteiro, pedalava bicicleta, ia a pé para a escola, corria muito no recreio. As brincadeiras não eram brincadeiras de gente parada. Quando eu parei de subir em árvore, de pular muro, de subir em telhado, eu comecei a fazer ginástica, porque queria ter músculos, aquele exibicionismo dos 15 anos. Nós atravessávamos o rio nadando, escondidos, claro.
E hoje? A pesquisa mostra também que mais de 70% dessa faixa etária de jovens, abaixo de 18 anos, não tem nenhuma atividade física. As crianças e adolescentes estão presos em casa, na frente de computador e do videogame, sedentários. O resultado é obesidade, diabetes, pressão alta e infarto.
Tudo tem a mesma origem, além da comida. Nossa comida era bem mais natural que a de hoje. Era raro haver alguma coisa industrializada, a menos que fosse importada dos Estados Unidos. Quando chegou a primeira Coca-Cola, eu devia ter uns 6, 7 anos. O refrigerante que havia era no máximo o guaraná. Tomávamos suco de fruta, suco de framboesa, essas coisas. Era bem mais saudável, arroz com feijão e carne, salada. Não havia McDonald’s. Hoje é hambúrguer, carboidrato, comida industrializada, açúcar gordura e sal em excesso.
Eu sei que é assunto de saúde, mas também é assunto político, porque as próximas gerações vão demandar muito mais atendimento de saúde, terão muito mais faltas ao trabalho. É uma questão política e econômica também. Temos de lembrar disso quando pensamos nas atitudes que prometemos a nós mesmos tomar no ano que se inicia.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos