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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Sem polarização

Urnas da diversidade

Urna eletrônica
Sete capitais já têm o novo prefeito definido. (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)

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Atrasou só um pouquinho, mas no dia seguinte já tínhamos os resultados da nossa eleição. Alguns se impacientaram, ficaram desconfiados, mas em apuração ganhamos dos americanos, que, duas semanas depois, ainda não têm resultado definitivo.

Por aqui, mesmo com o fique em casa, apenas 23% de abstenções - um pouco acima dos 17,58% da última eleição municipal. Foi uma demonstração de civismo, na mais básica das eleições, no município onde começam as carreiras políticas. O atual presidente começou vereador.

Na cidade da fundação do PT, São Paulo, e no berço do lulismo, São Bernardo do Campo, a eleição confirmou a queda do partido como representante da esquerda. Em São Paulo, o PSOL no segundo turno mostra que partidos de extrema-esquerda e ideológicos estão substituindo a esquerda fisiológica em que se transformou o PT, como demonstrou a lava-jato.

Na anterior eleição municipal, o PT só ganhou uma prefeitura de capital, Rio Branco. Naquela eleição, foi reduzido a 254 prefeituras; agora baixou para 189. Hoje depende do segundo turno em Vitória e Recife.  Pelo amor aos fundos eleitoral e partidário, o partido que elegeu o Presidente da República, o PSL, também sucumbiu, também fisiológico.

Resistentes, o MDB continua com o maior número de prefeituras e o DEM teve excelente desempenho em Salvador, Curitiba, Florianópolis e Rio de Janeiro. Bons prefeitos foram reeleitos. O de Porto Feliz,  Dr.Cassio Prado, com 92% dos votos, provou que o tratamento precoce contra a Covid também dá resultado nas urnas.

O presidente Jair Bolsonaro, prevendo alianças futuras com partidos em disputa na campanha, como o PP e o PSD, evitou se envolver, mas seu candidato Crivella, no Rio, vai ter que enfrentar o favoritismo de Eduardo Paes. E em São Paulo, seu preferido Russomano, de bom desempenho em obras sociais, foi apático na campanha, e se diluiu.

A narrativa da polarização e radicalismo não resiste à demonstração das urnas. O país continua conservador. O extrema-esquerda PSOL, no páreo em São Paulo e em Belém, não afeta essa percepção. A pesquisa CNT/MDA, em 25 estados, divulgada em fins de outubro antecipa as urnas do dia 15.

Os que se declaram direita são 27,7%, esquerda 11%. Somando os que se declaram centro (17%) aos centro-esquerda (2,7%) e centro-direita (4,3%), temos 24% balançando no centro, e 32,25% que se definem conforme as circunstâncias. Não dá para chamar isso de polarização. As urnas mostraram, sim, diversidade na política.

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