As 300 mil mortes por Covid-19 representam 17% de todas os óbitos desde o ano passado. Mas se contar somente 2021, é possível ver que recrudesceu a atividade do coronavírus, porque esse valor sobe para 30% de todos os óbitos.
Segundo os cartórios - órgão que registra esses dados - são 340 mil mortes neste ano, das quais 101 mil são em decorrência do coronavírus. Já se somar todas as outras causas respiratórias morreram 60 mil pessoas, 18%; e vieram a óbito de causas vasculares 60 mil brasileiros também.
E a discussão sobre o lockdown continua. Eu uso como exemplo o Reino Unido que fez vários lockdowns e está vacinando desde o dia 8 de dezembro. A Inglaterra está, segundo dados mundiais, com 1.856 mortos por milhão e o Brasil tem 1.409 mortos por milhão. Ou seja, em termos relativos temos resultados melhores que os ingleses, que estão vacinando e fazendo lockdown.
Imunizar policiais antes de presidiários é proibido
Se você tivesse um número limitados de vacinas quem você vacinaria primeiro? Os que estão presos, condenados, que cometeram crimes, ou os agentes do presídio, os policiais civis, militares, rodoviários e os bombeiros?
Pois o prefeito de Bagé (RS) decidiu que vai vacinar primeiro os agentes de segurança em geral. Segundo ele, a secretária de Saúde do Rio Grande do Sul foi ao Ministério Público para que o órgão verifique se ele cometeu crime. Isso porque o Plano Nacional de Imunização dá prioridade para pessoas que estão presas.
Como dica ao prefeito, eu falo o seguinte: o termo lockdown significa trancafiado, portanto, os que estão sob lockdown estão seguros porque estão isolados, segundo quem defende essa medida. Agora os outros estão expostos.
Os agentes penitenciários precisam ir para suas casas, para as ruas; os policiais estão em contato com criminosos; os bombeiros estão em contato com as pessoas que eles socorrem. Tendo isso em vista, eu acho que o prefeito foi sensato na sua decisão.
Lira ameaça Bolsonaro
Depois da reunião entre os chefes dos três poderes para tratar do combate ao coronavírus, Arthur Lira leu em plenário um manifesto com ameaças ao governo federal - pelo menos foi esse o meu entendimento.
Ele falou que “remédios políticos” para combater a Covid são “conhecidos” “amargos” e “alguns fatais”. Ele falou “Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política."
Depois, o presidente da Câmara e Bolsonaro conversaram. O presidente o levou até o carro e disse que não houve problema nenhum entre os dois. Foi estranho. Todo mundo ficou tentando entender o que ele quis dizer.
Arthur Lira pareceu a ministra Cármen Lúcia que votou de um jeito e depois mudou o voto. Uma hora ele está em uma reunião que busca harmonia e na outra faz ameaças ao governo federal.
Eu não sei se Lira está descontente porque foi ele quem indicou Ludhmila Hajjar para o Ministério da Saúde ou porque Pazuello disse que não haveria intermediários enquanto ele estivesse à frente da pasta da Saúde, apesar de saber que isso não seria do agrado dos parlamentares.
Essa não é a hora de criar insegurança política - já basta o STF que cria insegurança jurídica. Já vivemos uma mistura política eleitoral. O pessoal está com medo da eleição do ano que vem e por isso está fazendo uma balbúrdia de fake news que está atrapalhando o combate ao vírus. Aliás, combate que deve ser essencialmente técnico.
Leia Também:
- Quem vai declarar a suspeição de ministros do Supremo
- STF inverte as coisas: o bandido agora é Moro e o mocinho, Lula
- Maluquices da pandemia: até economistas estão contra a economia
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS