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Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Mania de perseguição

Witzel apresenta narrativa fantasiosa na CPI, mas Freud explica

Governador cassado do Rio de Janeiro Wilson Witzel prestou depoimento na CPI sem o menor compromisso com a verdade.
Governador cassado do Rio de Janeiro Wilson Witzel prestou depoimento na CPI sem o menor compromisso com a verdade. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, que foi cassado por um impeachment, conseguiu aval do STF para que seu comparecimento à CPI da Covid não fosse obrigatório. Ele então foi ao Senado como convidado, sem nenhum compromisso de dizer a verdade.

Witzel aproveitou que estava na comissão para se defender das acusações que causaram o impeachment dele. Declarou que os desembargadores e deputados estaduais que o afastaram foram “comprados”.

Também disse que o presidente Jair Bolsonaro ficou bravo com ele porque foi no governo dele, Witzel, que os assassinos de Marielle Franco foram presos. Ele falou que Bolsonaro conspira para atacar todos os governadores para poder governar sozinho.

É uma narrativa fantasiosa, mas Freud explica. Trata-se de um mecanismo de projeção ou de transferência. Witzel tenta mostrar aos demais governadores que eles estão sendo perseguidos e que o impeachment dele foi somente a ponta do iceberg.

No entanto, claro, essa história não colou. Em cinco minutos de fala, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) destruiu essa narrativa.

O ex-governador foi muito bem tratado pelos senadores. Chegou até a elogiar o filho do relator Renan Calheiros (MDB-AL), que é governador de Alagoas: “Renanzinho é uma pessoa muito querida”, disse.

Mas quando começaram as perguntas difíceis Witzel foi embora com o aval da decisão do STF. O ex-governador usou a CPI para se defender, mas de nada adiantou porque a comissão tem fato determinado e o impeachment dele não interessa à comissão.

Para o azar de Witzel, no mesmo dia, a juíza titular da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro aceitou uma denúncia contra ele por organização criminosa, lavagem de dinheiro e vantagem ilícita usando o escritório de advocacia da esposa dele.

Além do ex-governador, viraram réus a ex-primeira dama, assessores e secretários estaduais da gestão Witzel. Um senador da CPI chegou a dizer que o que está matando durante a pandemia é o desvio de dinheiro da saúde. Ele tem toda razão.

Gabas blindado na CPI

Os senadores de oposição da CPI demonstraram ter medo de um depoimento do ex-ministro do governo Dilma Carlos Gabas, que foi secretário executivo do Consórcio Nordeste.

A comissão votou um requerimento de convocação dele, a pedido do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), mas o pedido foi rejeitado por maioria de votos. Até Jader Barbalho (MDB-PA), que é suplente na CPI, participou como titular para votar e impedir Gabas de depor.

Entre outros membros que votaram contra estão Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Humberto Costa (PT-PE), Otto Alencar (PSD-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

A ideia fixa de Doria

O governador paulista João Doria, que tem uma ideia fixa de ser presidente da República, confirmou que irá disputar as prévias do PSDB em novembro. Ele quer se apresentar como o candidato anti-Bolsonaro, mas terá pela frente a concorrência de Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT).

Mas faltou Doria combinar com a Executiva do PSDB que é o mais preparado para ser o candidato do partido em 2022. Em uma derrota para o governador, o partido decidiu que os votos dos filiados terão peso de somente 25% na votação nas prévias.

Quem irá decidir de fato o candidato a presidente serão os ex-presidentes do partido e aqueles que têm mandato eletivo, ou seja, governadores e vices, prefeitos e vices, senadores, deputados federais e estaduais, e vereadores.

Doria terá que disputar a preferência dos tucanos com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o ex-senador Arthur Virgílio (AM), e o senador Tasso Jereissati (CE). Mas o atual governador de São Paulo mantém a ideia fixa de concorrer no próximo pleito.

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