Antes de reclamar da torcida, Athletico precisa entender por que seus sócios não vão aos jogos
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Após o revés diante do Flamengo, 2 a 0, Tiago Nunes reclamou que a Arena da Baixada não estava lotada. "Uma pena", lamentou o treinador do Athletico, decepcionado com a parca audiência. O público ficou na casa dos 25 mil.
Eu tenho um palpite, em números, para a baixa adesão: R$ 150. O Furacão oferece o ingresso mais caro do Brasil, preço único. Disparado. Sem comparação com qualquer outro.
Valor ainda mais abusivo diante da crise econômica que o país atravessa. Não sou especialista em macroeconomia, nem em finanças pessoais, mas parece evidente que é cifra pouco convidativa para a maioria.
Mas há uma situação ainda mais grave do que o preço extorsivo imposto na bilheteria atleticana. E que, se abraçada com carinho, e entendida, pode dar em resultados melhores do que reclamações ao microfone.
Por algum motivo, boa parte dos sócios do Athletico não frequenta a Arena, mesmo com o time em excelente fase. Não se sabe o motivo: se são torcedores que não gostam de futebol tanto assim ou se tem algo melhor para fazer nos horários em que o Furacão vai a campo. Ou, ainda, se é gente ultra atarefada.
O fato é que, jogo após jogo, metade dos fieis rubro-negros, ao menos nos boletos, deixa de ir ao estádio. O clube tem aproximadamente 26 mil sócios e a média de público, geral, fica na casa dos 13 mil por partida no Brasileirão. Claro, não são sempre os mesmos faltosos.
Confesso, não sei qual é a realidade dos demais clubes, embora seja difícil comparar, pois há todo o tipo de modalidade de associação por aí. Mas a ausência rotineira de metade do quadro parece expressiva.
Basta pensar que, se 80% daqueles que pagam todo o mês para ter direito de ir ao estádio, fossem normalmente à Baixada, o clube teria média de público acima de 20 mil pessoas. Marca bastante razoável, entre as oito melhores das disputa nacional.
Em outras palavras, o problema de público do Athletico não está lá fora, naquele que não têm condições de pagar o ingresso ou comprometer-se ao menos seis meses com o valor da associação. Começa dentro do clube, entre seus torcedores que pagam mensalmente.
Por que não vão? Por que só vão de vez em quando? É o "mistério" que o Furacão precisa decifrar. O clube, certamente, tem dados de comportamento de seus associados que podem ajudar na busca por uma solução.
Enquanto isso não acontece, só restam palpites, que podem ser totalmente furados. É culpa da biometria, que não permite o empréstimo do cartão quando o sócio não pode comparecer? Pode ser uma explicação, em parte.
Ou é um comportamento típico daquele torcedor que o próprio Athletico sempre alimentou, do "apreciador", que não tem o futebol como prioridade, programa inadiável? O cara paga e, se der para ir, beleza. Se não der, ok.
São as duas coisas e várias outras? É bem provável.
Em todo o caso, está posto o desafio para o clube. E não há melhor momento para enfrentá-lo. Com o Furacão estável, o time colecionando taças e um calendário para 2020 já recheado de partidas importantes.
É buscar uma solução. Ou ficar reclamando.