O instituto de pesquisas americano Rasmussen, bastante respeitado nos Estados Unidos, realizou uma consulta de opinião após as eleições americanas. Uma das questões apresentadas era se a pessoa achava provável ou não que as eleições presidenciais tenham sido roubadas. O resultado relativo a essa pergunta me parece desolador para Joe Biden e para o Partido Democrata.
Com efeito, questionados se acreditavam que os democratas roubaram votos ou destruíram cédulas em vários estados para assegurar que Biden iria vencer: 47% do total de entrevistados afirmou achar provável (likely), sendo que 36% afirmaram ser muito provável (very likely).
O que me parece mais impressionante é que 30% dos eleitores do próprio Partido Democrata de Joe Binden afirmaram ser provável, sendo que 20% (um a cada 5 eleitores do partido) afirmaram ser muito provável.
Entre os Republicanos, naturalmente, o nível de desconfiança é muito maior: 75% acham provável que as eleições tenham sido roubadas, sendo que 61% respondeu ser muito provável.
É verdade que 50% dos entrevistados acham que o resultado das eleições não foi roubado (9% respondeu que é pouco provável, "not very likely"; e 41% respondeu que não é nada provável, "not at all likely"). De todo modo, o fato de quase metade dos entrevistados, inclusive quase um terço dos eleitores do próprio Partido Democrata, acreditar ser provável que as eleições foram roubadas mostra que a credibilidade do resultado eleitoral está duramente comprometida.
A pesquisa ouviu mil eleitores prováveis, ou seja, pessoas que costumam exercer seu voto, apesar de ele ser facultativo no país. A consulta ocorreu nos dias 17 e 18 de novembro. A margem de erro é de 3%; o nível de confiança, de 95%.
Creio que é possível extrair três conclusões desse resultado.
Em primeiro lugar, a versão de grandes setores da imprensa (tanto nos Estados Unidos como no Brasil) de que apenas grupos excêntricos e apoiadores fanáticos de Trump acreditariam na versão de fraude é simplesmente falsa. No Brasil, essa visão equivocada foi recentemente reverberada por Luís Roberto Barroso com esta pérola: "Tem gente que acha que a Terra é plana, que o homem não foi à Lua, que acha que Trump venceu as eleições nos EUA". A pesquisa, no entanto, mostra como a percepção de quebra da integridade das eleições em níveis suficientes para alterar o resultado eleitoral ultrapassa de longe o círculo de convertidos. Ela adentra no território do adversário. Aliás, já foram registrados inúmeras manifestações multitudinárias contras as fraudes nas eleições.
O jornalista Paulo Figueiredo Filho, que tem feito a melhor cobertura do processo eleitoral americano no Brasil, comentou sobre isso em sua conta pessoal no Twitter, tratando exatamente dessa pesquisa de opinião:
Em segundo lugar, os dados revelados pela pesquisa também parecem mais uma vez confirmar que o poder de persuasão da cobertura enviesada da imprensa, no caso conjugada com forte perseguição das big techs, tem alcance limitado. Ela é capaz apenas de marginalizar opiniões em certos círculos, mas não é capaz de modificar a avaliação de um número significativo de pessoas.
Em terceiro lugar, o fato de que um número expressivo de eleitores ativos norte-americanos, inclusive de eleitores do partido favorecido pelos resultados, acreditem na probabilidade de ilicitudes eleitorais capazes de terem alterado o desfecho das eleições indica que os elementos que vem sendo apresentados são verossímeis. Sobre esse ponto falaremos em outros posts.
Um último ponto: a pesquisa também parece indicar que, caso seja empossado sem que se prove a falsidade das alegações de fraudes, Biden terá problemas consideráveis de legitimidade. Frise-se que o Partido Republicano, cujos eleitores consideram em massa ter havido fraude eleitoral, conquistaram muitas cadeiras na House of Representatives (a Câmara dos Deputados deles), provavelmente terão maioria no Senado e conquistaram o governo da maior parte dos Estados. Ou seja, essas pessoas que acreditam que as eleições foram roubadas (a meu ver, de modo fundamentado) terão muita voz durante os próximos quatro anos, mesmo sem a Presidência.
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