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Entrevista com a dupla DJ Leozinho e Rodrigo Paciornik sobre seus 20 anos de carreira.

A dupla curitibana Leozinho e Paciornik é uma das grandes referências da música eletrônica brasileira. Eles estão comemorando 20 anos de parceria neste projeto que iniciou-se lá na Rave Night Club, em Curitiba, no ano de 1998. O DJ e o percussionista fizeram história e se apresentaram nos maiores festivais de música eletrônica do país e do mundo. Mantendo o espírito de inovação e diversão que sempre os norteou, o projeto mistura de forma orgânica as batidas da e-music, na discotecagem de Leonardo Arlant, com a levada da percussão ao vivo, realizada por Rodrigo Paciornik.

Leozinho foi responsável por trazer a Curitiba um ritmo pouco explorado nos anos 90 no país: o trance. Depois, encontrou na house music sua grande praia. Suas discotecagens animadas e bem trabalhadas o levaram a tocar nas melhores casas do Brasil, incluindo residência no Warung Beach Club de Balneário Camboriú. Já Rodrigo Paciornik, em carreira solo como percussionista, se aliou a grandes DJs para criar uma nova abordagem na música eletrônica. Entre as mais marcantes performances, destaque para o festival Time Warp em Frankfurt na Alemanha.

A dupla comemora neste final de semana em Curitiba 20 anos de carreira no bar + 55 no Sábado. Na 6a feira estarão dando um workshop gratuito na sede da AIMEC Curitiba contando histórias desses 20 anos de estrada.

DJ Leozinho

DJ Leozinho responde:

Como faz para manter o ânimo e vontade para se manter tocando depois de tanto tempo ?

Com muito amor pela profissão. “Ame o que você faz e nunca tera que trabalhar um dia na sua vida”. Não sei quem disse isso mas acho que é verdade. Com certeza tem dias que como em qualquer outra profissão voce está cansado, entediado, etc.. Mas uma das vantagens de se trabalhar com musica é que ela esta em constante mudança, tem sempre algo novo para escutar e gostar.

Você ficou conhecido por tocar progressive house nos anos 2000. Como vê a evolução do estilo nos dias de hoje ?

Sinceramente, apesar de ser reconhecido como um DJ de progressive house, a verdade é que não gosto da idéia de rotulos. Eu sempre procurei tocar as musicas que eu gosto, independente do estilo. Dito isso, acho um pouco confusa essas denominações criadas atualmente. Basicamente, muitos acreditam que progressive house é aquele som EDM, que lembra trance o que não é verdade. Outros acham que é o que hoje em dia é caracterizado como melodic house/techno no site de vendas de músicas Beatport. Eu acho que o estilo foi bem representado por exemplo, com as coletâneas Northern Exposure do Sasha e Digeweed, mas muita gente vai falar que não é progressivo.

Você tem um estúdio todo equipado. Mas preferiu nunca lançar nada comercialmente.

Acho que meu padrão de qualidade é muito elevado e nunca achei que já produzi algo a altura. Eventualmente alguma coisa será lançada ao público mas isso não é uma prioridade.

Você imaginava que a dupla Leozinho e Paciornik chegaria a 20 anos ? Da pistinha da Rave Night Club em Curitiba para os maiores festivais de música do mundo. Conte-nos um pouco por onde passaram e os destaques.

Sinceramente acho que nenhum DJ quando inicia na profissão se imagina 20 anos depois. A minha decisão de me tornar um profissional foi tão natural e espontânea que nunca me passou pela cabeça o que estaria acontecendo dentro de tanto tempo. Sem dúvida me sinto realizado em poder fazer o que mais amo por todos esses anos. Tivemos oportunidades de tocar em todos os cantos do Brasil e alguns fora. Destaco a Rave Night Club por ser meu primeiro clube, onde fazíamos tudo com muito amor. Os festivais Skol Beats porem terem sidos os melhores festivais que já tivemos por aqui na minha opinião, o Warung Beach Club que hoje é um patrimônio cultural mundial, mas que no começo passou por inúmeros percalços. Enfim, sao tantos que no final das contas tudo o que me resta é agradecer por ter feito parte disso tudo.

O que você tem achado da nova geração de DJs do Brasil ?

Extremamente talentosa porém um pouco dispersa no sentido de que a grande maioria quer entrar na profissão para faturar, e não para fazer aquilo que fomos propostos a fazer.  Vejo muitos artistas talentosos que ao invés de focar o trabalho, no estúdio, acabam focando no marketing. Na verdade não estao errados, infelizmente a sociedade atual premia o mais popular do que o mais talentoso. Um efeitos negativos das redes sociais.

O nome do projeto Life is a Loop veio para comemorar a sua milésima tocada junto ao Paciornik. (a palavra Loop tinha um trocadilho com o número 1000). Ele foi um dos primeiros projetos de show de música eletrônica do Brasil. Porque decidiram encerrar o projeto ?

Porque achamos que era o momento. Nada na vida é para sempre e naquele momento não estava mais fazendo sentido continuarmos com o projeto. Mas como o próprio nome já diz, a vida é um loop e nada impede que ele um dia volte aos palcos.

Rodrigo Parcionik

Rodrigo Paciornik responde:

Conte-nos como veio a vontade de tocar percussão junto a um DJ.

Toco bateria desde os 12, sempre amei tocar. Quando surgiu a idéia de acompanhar o DJ com instrumentos de percussão e bateria, parece que essa vontade aumentou ainda mais, por poder fazer algo diferente. Como o laboratório foi em Curitiba, com um público altamente crítico e na época, fui “aprovado”, não parei nunca mais.

Seu irmão é um artista plástico reconhecido. A sua veia artística vem de berço ?

O Marcelo sempre foi um cara de vanguarda. Tive a sorte de ter um irmão, que me direcionou bem musicalmente. Ele me obrigou a assistir The Wall com ele umas dez vezes, muito mais pela música que pelo filme. Depois veio com Rush, Marillion e aí me apresentou Depeche Mode e toda a turma boa dos anos 80. Então a veia artística com um irmão artista de bom gosto musical ajudou muito com certeza.

A sua percussão que de início era mais analógica e orgânica acabou depois abrindo espaço para uma percussão mais tecnológica e digital. Comente sobre essa evolução.

Na verdade, foi uma solução para facilitar minha vida. A montagem da eletrônica, é muito mais fácil lógico. A Roland, tem baterias eletrônicas que são sensacionais no sentido de reproduzir o som das acústicas, então resolveu. Mas tenho muitas saudades das acústicas e a presença da bateria full no palco é muito f**a.

Você já acompanhou na percussão junto a inúmeros DJs. Tem algum estilo de música eletrônica que você prefira tocar junto ? Ou pode ser qualquer um ?

Eu gosto de tocar com todo mundo que esteja feliz em estar tocando comigo. Isso eu sinto com certeza. Claro que eu tive experiências inesquecíveis com big names que me deram a oportunidade de mostrar meu trabalho, me convidando, mas se o DJ que está tocando está em uma sintonia boa ali comigo, então tá tudo maravilha.

Nunca teve vontade de tocar como DJ ?

Boa pergunta, sinceramente não. Tanto DJ no mundo já, deixa a turma tocar e eu ir lá, me meter com a bateria (rsrsrs).

Teremos um workshop com você e o Leo na 6a feira dia 4 no Centro Europeu AIMEC Curitiba. O que vão falar neste workshop ? Depois tem balada no +55 com vocês tocando. O set será de clássicos ?

Eu pretendo falar sobre tudo um pouco. Vinte anos tem muita história boa pra contar. Eu sou um cara bem nostálgico e sempre que convidam a gente pra falar da carreira ou tocar as antigas em uma festa, eu acho bom pra car***o e passa um filme inteiro naquelas duas horas tão boas.

Serviço: 
Workshop Leozinho e Paciornik 20 Anos @ Centro Europeu AIMEC Curitiba
Quando ? 6a feira dia 04 de Maio às 19:30.
Onde? Centro Europeu AIMEC Curitiba
Rua Benjamin Lins, 999.
Entrada gratuita, vagas limitadas.
Balada Leozinho e Paciornic 20 anos @ + 55 Bar
Quando? Sábado dia 05 de Maio a partir das 19h.
Onde? + 55 Bar
Av Vicente Machado 866.
Ingressos: R$30,00 Fem e R$60,00 Masc (apenas na porta)

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