Publicado originalmente em housemag.com.br por Lucas Arnaud.
Como a maioria dos fãs de música eletrônica ja devem estar cientes, algo inédito (e muito bom para nós brasileiros) ocorreu na divulgação do ranking mundial de DJs da revista DJ Mag: tivemos, dentre os top 100, 3 nomes brasileiros!
É importante notar que a ordem desses artistas no rank internacional foi tal qual ao nacional, realizado em 2015 no TOP 50 DJs House Mag. Dessa forma fica claro que o ranking da House Mag, mesmo 10 meses antes, conseguiu traduzir de modo fiel a ordem das colocações dos DJs brasileiros. É trivial ter em mente que ambos os rankings são populares, ou seja, são definidos pelos votos dos fãs!
FELGUK #67
Felguk é um projeto já bem consolidado no cenário nacional de música eletrônica, formado por Felipe Lozinsky (o Fel!) e Gustavo Rozenthal (o Guk!). O duo começou a ganhar notoriedade internacional principalmente com a track “2nite”, que figurou no trailer oficial do Eletric Daisy Carnival (Las Vegas) de 2010. Ja nessa época, foram convidados para fazer remixes oficiais de grandes nomes como David Guetta, Black Eyed Peas e Madonna.
De la pra cá ficou claro o amadurecimento no estilo da dupla, que colaborou ou remixou para gigantes na cena como Dimitri Vegas & Like Mike e Steve Aoki, e que realizou shows de grandíssima proporção, como os que ocorreram no main stage da Tomorrowland Brasil 2015, do EDC Brasil e, mais recentemente, no Ultra Brasil. Hoje focam também em sua label party “This Is Eletro”, que traz um line repleto de grandes nomes da cena nacional.
Em se falando do ranking da DJ Mag, o duo figurou pela primeira vez na lista em 2011, na posição #87. Foi para #90 em 2012, #78 em 2013, #100 em 2014 – tendo ficado de fora na lista de 2015. O jogo muda denovo quando agora, em 2016, Felguk chega à posição #67, sua quinta e mais alta aparição no rank.
VINTAGE CULTURE #54
Autodidata, Lukas Ruiz, mais conhecido como Vintage Culture, trouxe à cena brasileira mais do que algumas tracks novas – ele foi o pioneiro no país em desenvolver um estilo comercial, com toque conceitual, graves mais presentes e, muitas vezes, vocais conhecidos.
Dessa forma, em uma época onde o EDM (e principalmente o bigroom) se mostrava um estilo cada vez mais saturado, o artista conseguiu “estourar” um novo modo de fazer (e até de curtir) música eletrônica, aliando elementos do deep house e do nu disco a vocais de musicas famosas. Esses remixes chamaram atenção na cena, conseguindo o garoto entrar para o casting da Entourage no começo de 2014.
A partir daí, sua carreira estourou expoencialmente, visto que um criterioso e amplo trabalho foi feito em sua imagem, em suas redes sociais e em suas gigs. O artista chegou a ser convidado pelo próprio Dimitri Vegas para tocar no palco Smash The House na Tomorrowland Brasil 2015. Vintage Culture tem enchido as pistas por todo o Brasil, conseguindo fechar com grandes gravadoras como a Spinnin Records, com hits como “Wild Kidz”. O empreendedorismo é evidente na carreira de Lukas, que é dono da label “Só Track Boa”. Outro highlight foi o convite que o artista recebeu para tocar no mainstage do Ultra Miami, o que infelizmente não ocorreu por questões de saúde.
Ano passado o artista ficou em #118, estando de fora do ranking do top 100. Esse ano o dj conseguiu a posição #54, feito ainda mais impressionante se considerarmos que é a primeira vez dele na lista!
ALOK #25
Filho de DJs muito bem consolidados na cena do trance nacional (DJ Swarup e Ekanta), Alok Petrillo teve contato desde cedo com a música eletrônica, começando a tocar aos 10 anos. Com muita influência dos pais, o DJ ponderava, inicialmente, enveredar pelo psytrance, mas depois de amadurecer sua sonoridade, encontrou seu lar na música: o low bpm. O DJ cresceu junto com sua marca, UP Club, que trouxe releases que em muito mudaram (para melhor) o jogo do low bpm no país.
Tocando por todo o Brasil e cativando uma legião de fãs, Alok chegou ao seu auge com o super hit “BYOB“, que se tornou a track mais tocada no Soundcloud em todo o mundo. E vai muito além: o baixo marcante e característico da track foi transformado em tendência, com o surgimento do que Alok chama de “Brazillian Bass” – som que é presença certa nas melhores pistas do país e inclusive nomeia seu palco assinatura na Tomorrowland Brasil. Sendo um nome fortíssimo na cena nacional, Alok ja assumiu o mainstage da Tomorrowland Brasil nas edições 2015 e 2016, EDC Brasil, Ultra Brasil e Miami – além de ter tocado 2 vezes em palcos secundários na Tomorrowland Bélgica.
É a segunda vez que o DJ está no ranking da DJ Mag, tendo ficado em #44 ano passado – e alcançado #25 atualmente.
COMPARATIVO HOUSE MAG X DJ MAG
Traçando o comparativo entre o ranking da House Mag com o da DJ Mag, temos:
Dezembro de 2015 – Alok ficou em #1, Vintage em #2 e Felguk em #3 no TOP 50 House Mag.
Outubro de 2016 – Alok ficou em #25 (1º brasileiro), Vintage em #54 (2º brasileiro) e Felguk em #67 (3º brasileiro) no TOP 100 DJ Mag.
Mas o que muda daqui pra frente? A resposta é: não “muda”. Na verdade, já “vem mudando”. Os DJs brasileiros como um todo vem quebrando barreiras, alcançando metas que antes eram impensáveis no cenário nacional. Temos grandes gravadoras como a holandesa Spinnin’ Records lançando tracks de produtores brasileiros, grandes festivais mundiais como Tomorrowland, EDC e Ultra de olho nos djs e fãs brasileiros. Surgem cada vez mais exemplos de djs de nosso país tocando em festivais internacionais, seja no palco principal como nos palcos secundários. Era muito mais raro ocorrer algum desses fatos há alguns anos.
Nesse contexto, esses artistas que ganham cada vez mais notoriedade internacional conseguem, por exemplo, pôr em evidência novos talentos do país, como vemos nas tracks colaborativas dos três djs rankeados na DJ Mag. Também fica claro que o público brasileiro tem muito mais afinidade pela música eletrônica atualmente do que em épocas passadas.
E é isso que significa a presença brasileira no rank. É um estimulo, de proporção inédita, à cena da música eletrônica no país – com surgimento de maiores oportunidades e de uma visibilidade nunca antes vista aos talentos brasileiros (tanto antigos quanto novos!). Como fãs de música eletrônica, podemos concluir: vem muita coisa boa por aí! A criatividade e a peculiaridade do talento nacional vai ser (e tem sido!) fundamental nesse processo de amadurecimento da imagem do produtor brasileiro perante a cena internacional.
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