DJ Schasko é um dos maiores expoentes dos sons alternativos de Curitiba. Atuando como DJ desde o início dos anos 2000, tem desenvolvido projetos voltados à música curitibana com muito afinco. Festas, programas de rádio, lançamentos em vinil e muito mais.
Pra quem conhece sabe que Eduardo Schasko é sinônimo de música boa, uma bela discotecagem e um carisma sem igual.
Batemos um papo com ele:
Conte-nos um pouco sobre o início de sua relação com a cena musical de Curitiba.
Olá a todos que estão lendo. Em primeiro lugar, muito obrigado pelo convite para fazer essa entrevista. É um grande prazer estar tendo essa conversa com vocês.
Meus primeiros contatos com a música eletrônica aconteceram por volta de 1998, com o Jeff Cigano que tinha voltado da Europa com muitos discos de vinil e um par de toca-discos (que acabei adquirindo depois). Naquela época não tínhamos muitas opções. Era normal frequentar diversos tipos de festas com o único intuito que era dançar. A gente ia no Circus mas também ia na Rave Night Club ou em qualquer outra festa de música eletrônica. Não dava para escolher um seguimento. Tinha que ir atrás do que tava rolando. Fazíamos festinhas de 10 a 20 pessoas e era isso que tinha !
E os malabares e a pirofagia ? Fale um pouco sobre essa época.
Logo nos primeiros momentos que me influenciei com a música eletrônica, eu já conheci os malabares e a pirofagia e nessa onda começamos a fazer pirofagia em festas e levar os malabares em todas as festas. Passamos a entrar de graça nas baladas e passamos a ser uma atração a parte da noite. Aí começaram a rolar trabalhos e junto com o Jeff C. acabamos fazendo uma empresa de pirofagia em eventos. E fui me envolvendo cada vez mais com as festas. Fazia apresentações na Rave Night Club semanalmente e em diversos outros lugares.
No início dos anos 2000 as raves tinham sempre duas pistas. A pista principal e a pista de chill out (onde as pessoas descansavam). Lembro de você tocando em vários. Por quantos anos você se dedicou a este segmento ?
Sim, a cultura "chill out" foi a minha porta de entrada na carreira de DJ. Até hoje toco em chill out de festivais. Infelizmente hoje em dia já é difícil ter um espaço só de chill out mesmo. No Universo Paralelo eu toco em todas as edições no chill out que é um dos poucos que ainda existem.
Tenho algumas fitas cassetes gravadas suas até hoje de chill out. Rolava muito trip hop, downtempo, breaks, nu-jazz, funk. Você tinha esse costume de gravar fitas para a galera ?
Sim, nessa época não tinha internet muito menos loja de discos que vendesse musica eletrônica. E não tinha Soundcloud para escutar sets muito menos Spotify para conhecer músicas. Era de mão em mão e a partir do momento que eu pude gravar as minhas, aí foi aquela alegria e muito compartilhamento de fitas K7 !
Foi deste momento que você começou a curtir funk ?
Isso acabou vindo depois, lá por 2004 / 2005. Os artistas que eu acompanhava, que era grande parte da cena nu jazz downbeat, estavam começando a fazer remixes de funk e influências de funk. Acabei me influenciando por isso e mais futuramente comecei a descobrir que aqueles sons e samples na verdade eram tudo de outros artistas. Assim me envolvi na cena original funk e soul music !
Você esteve envolvido em muitos projetos. Por quais já passou ? Quais criou, quais ainda existem ?
Já fiz parte do projeto "Cambalacho" que ainda existe mas não estou mais envolvido na produção, junto com o DJ Anaum. Do Cambalacho criamos o Programa "Smoking Time 4:20" que está na ativa até hoje e eu sou o responsável. E o projeto "Funk You" que está no momento estacionado.
Conte-nos um pouco sobre o início da Funk You. Quem são os idealizadores ? Quantos anos de projeto ? Por quais clubs e lugares já passou ? Quantas edições ?
O projeto Funk You começou em 2008 junto com o Murillo Mongelo. Esse ano completaremos 11 anos com o projeto. Começamos no Lalupe Bar, que passou a ser o Kubrick. Aí fomos para o Jokers e lá ficamos por alguns anos. Fizemos no Tabu algumas edições e em outras casas como o Vox e o Paradis Club. Não tenho idéia ao certo de quantas edições já realizamos, mas com certeza já rolaram mais de 50.
Festivais sempre foram a sua praia, mas como DJ. Em que momento os festivais começaram a abrir espaço para seus projetos ? E qual você acha que foi o motivo para isso acontecer ? Lembro da pista Funk You na TribalTech com aquele boombox como cabine de som, foi muito bacana.
Sim iniciei tocando chill out em festas e principalmente festivais de musica eletrônica. Os festivais sempre foram um espaço aberto para música e arte alternativa, procurando coisas novas para apresentar e nessa onda a TribalTech nos fez o convite para participar e pediram uma sugestão de uma pista diferente para a gente. Aí demos a idéia e acabou sendo criado aquele lindo Boombox gigante !
E o Smoking Time, programa de rádio online. Rola toda semana ? Desde quando está produzindo ele ? Quantos episódios já aconteceram ? Tem idéia de quantos DJs já passaram pelo programa ? Onde podemos ouvir os programas atuais e passados ?
O Smoking Time 4:20 está rolando sempre que posso nas quarta-feiras sempre a partir das 15h através da Rádio Treze atualmente. Estamos com 10 aninhos de projeto, não tenho como saber quantos programas mas acredito que uns 150 a 200. Passaram em torno de 30 DJs, mas tiveram muitas mixtape de outros DJs que não puderam comparecer ao vivo. Vocês podem escutar no Soudcloud www.soundcloud.com/smokingtime420
Vemos também em seus sets muita influência de brasilidades. Estamos vivendo um redescobrimento de muitas sonoridades brasileiras. Como você tem visto isso ?
Ao longo do tempo fui me influenciando pela música brasileira que foi um dos últimos estilos que eu comecei a pesquisar. O universo musical brasileiro dos anos 70 e 80 é enorme e incrível, principalmente dos anos 70. Tem muita coisa perdida, discos de poucas tiragens com músicas eternas. E nessa onda tem saído muitos remixes atualmente.
Quais são as suas residências no momento ?
Sou residente no Mais 55, aonde faço a trilha sonora de 2 a 3 vezes por semana, o Smoking Time 4:20 programa semanal, e tem o projeto Severina que é de musica brasileira em formato de vinil apenas.
E para o futuro ? O que podemos esperar do DJ Schasko ?
Para o futuro eu não posso te falar muito mas acabou de ser lançado um compacto do projeto "Muleke", do meu grande amigo e DJ Biel Precoma. Fiz a participação em três musicas sendo que duas delas foram prensadas e lançadas agora pela gravadora Canadense MSLX Records em vinil. Você pode escutar no www.soundcloud.com/mulekefunk !!