O bom aproveitamento da base explica o abismo criado entre Athletico e Coritiba

Athletico e Coritiba estão entre os cinco clubes do país que mais utilizaram jogadores oriundos das categorias de base nos últimos cinco anos (2015 a 2019). O levantamento foi feito pela Pluri Consultoria e mostra que os clubes paranaenses entenderam qual é o modelo para sobrevivência no periférico futebol brasileiro. Porém, é preciso analisar como cada rival aproveita a base.
O Furacão utilizou 50 jogadores da base no período. O Coxa
usou 39 atletas. Mas enquanto o Athletico faz milhões e ainda tem retorno
esportivo, o Coritiba queima seus valores e não tira quase nenhum proveito em
campo.
Os números explicam o abismo criado entre os rivais nos últimos cinco anos.
Somando apenas a principais vendas do Athletico, os valores alcançam 65 milhões de euros. Montante que, na cotação atual, representa R$ 300 milhões. É o valor bruto das transações, sem desconto do percentual de empresários, cotação da época, taxas de transação, comissões e etc.
Isso sem contar o retorno técnico com Santos, Renan Lodi, Léo Pereira, Pablo, Otávio, Hernani e por aí vai. Só uma observação: Bruno Guimarães não entra na contagem porque atuou pelo time profissional do Audax. Parte desse mérito vem do teste dos garotos no Estadual, o que ocorre desde 2013.
O Coxa, por sua vez, não tem vendas expressivas. Somando as principais transações, o clube fez 7,5 milhões de euros. O valor arrecadado pelo Athletico apenas com o volante Otávio, por exemplo. Além disso, o Alviverde não consegue fazer um jovem se destacar no time principal. Quando o atleta começa a se destacar, é negociado.
Por isso vemos ex-coxas despontando em outros lugares. Foi o que aconteceu com Zé Rafael, Vaná, Dodô e Raphael Veiga. Temos ainda um caso mais grave que não aparece na lista do Coritiba: o atacante Matheus Cunha, vendido sem sequer estrear no profissional. Em janeiro, o camisa 9 da seleção pré-olímpica foi comprado por 20 milhões de euros pelo Hertha Berlim.
Enquanto o Coritiba anseia por receber alguma coisa com revendas, utilizando o mecanismo da Fifa para o clube formador, o Athletico se consolida como uma fábrica de milhões. E o resultado está exposto na sala de troféus.
*Abaixo, estão todos os jogadores da base de Athletico e Coritiba utilizados no time principal.
Athletico – 50 atletas
Alexandre Cajuru, Bruno Leite, Bruno Mota, Bruno Pelissari,
Bruno Rodrigues, Caio, Christian, Cleberson, Crysan, Deivid, Demethryus, Douglas
Coutinho (€ 4,5 milhões), Edigar Junio, Gabriel, Guilherme Batata, Guilherme
Rend, Guilherme Schettine, Gustavo Marmentini, Harrison, Hernâni Jr. (€
8 milhões), Jacy,
Jean Felipe, João Pedro, Julian, Juninho Vieira, Junior Barros, Khellven, Léo Pereira (€ 7 milhões), Lucas Halter, Lucas Macanhan, Luiz Otávio, Marcão,
Marcelinho, Marcelo Cirino, Marco Damasceno, Marcos Guilherme (€
4 milhões), Matheus
Anjos, Matheus Rossetto (valor não revelado), Murillo, Nathan (€
7 milhões), Nicolas, Otávio (€ 7,5 milhões), Pablo (€ 7 milhões), Rafael
Zuchi, Renan Lodi (€ 20 milhões), Renzo, Santos, Vitinho, Yago e Zé Ivaldo.
Coritiba – 39 atletas
Araújo, Bonfim, Dodô (€ 2 milhões ), Dudu, Evandro, Geovane, Guilherme Parede (€ 1,2 milhão pagos por Inter e Talleres), Henrique, Ícaro, Igor Jesus, Igor Paixão, Índio, Júlio Rusch, Juninho (€ 3 milhões), Kady, Léo Andrade, Luccas Claro, Luiz Henrique, Marcos Moser, Mateus Oliveira, Matheus Bueno, Michel, Nathan, Pablo Thomaz, Pedro Ken, Rafael Martins, Rafhael Lucas, Raphael Veiga (€ 1,07 milhão), Rodrigo Ramos, Romércio, Ruy, Thalisson Kelven, Thiago Lopes, Tiago Real, Vaná, Vitor Carvalho, Walisson Maia, Yan Sasse e Zé Rafael (€ 125 mil).