Paraná fecha 2016 no azul, mas balanço mostra futuro incerto ao clube

Através de um documento de 26 páginas, o Paraná divulgou dentro do prazo legal o balanço financeiro do exercício 2016. Pelo segundo ano consecutivo, o clube fechou no azul, com uma política bem definida: cortar gastos do futebol e abrir mão do setor social.
De acordo com a demonstração de resultados, o Tricolor terminou a temporada passada com R$ 495 mil de superávit. Em 2015 houve R$ 7,6 mi de lucro, mas a conta foi maquiada no tópico reversão de provisões de contingências. Ou seja, esperava gastar mais com algumas pendências judiciais, mas isso não se concretizou.
Apesar desse número satisfatório, a situação ainda é (muito) crítica na Vila Capanema. A Müller & Prei Auditores Independentes, responsável pela análise do documento, faz o alerta sobre a continuidade do clube na contabilidade. “Eventos e condições futuras podem levar ao clube a não se manter em continuidade operacional”.
O problema é justamente a gestão dos débitos sem receitas no mesmo patamar.
Os cofres paranistas sofrem com um passivo circulante (curto prazo) de R$ 36,5 milhões, uma redução de quase R$ 5 milhões em relação a 2015. No passivo não circulante (a longo prazo), uma projeção de R$ 82 milhões, R$ 5 milhões a mais do que o balanço anterior.
As estimativas de ônus trabalhistas, cíveis e tributárias estão entre R$ 63 milhões na pior das hipóteses e R$ 28 milhões na melhor. Na projeção negativa surge R$ 42,2 milhões a pagar na Justiça do Trabalho.
As despesas com o social, que ainda estão no vermelho (-R$ 516 mil), mas seguem em declínio. Os gastos no setor saíram de R$ 4,8 mi para R$ 2,9 mi.
No futebol, ao contrário, o clube apresenta saldo no azul, de R$ 17 milhões. Para chegar a essa façanha, uma estratégia arriscada: cortar bicho e 50% das despesas no setor. Os custos com salários e direito de imagem seguem na casa R$ 5 mi/ano, porém, em 2016, apenas R$ 3 mil foram destinados com premiação (contra R$ 52 mil em 2015).
Alguns números chamam a atenção, como a queda na arrecadação com sócio-torcedor. De R$ 4,2 mi, o Tricolor caiu para R$ 1,6 mi. Patrocínio e publicidade uma derrocada de R$ 526 mil para R$ 269 mil. Também apresenta um salto nos direitos de transmissão para a TV: pulou de R$ 2,9 mi para R$ 6,3 milhões.