O aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, é um dos principais centros de movimentação de carga aérea do Brasil. Um aspecto, no entanto, chama a atenção: chega muito mais produtos do que sai.
Até setembro de 2014, foram descarregadas 13 mil toneladas de carga, segundo informações da Infraero. No mesmo período, 3.369 mil toneladas foram carregadas nos aviões. Uma proporção de quase uma tonelada saindo para quatro chegando.
Claro que é uma realidade de outros aeroportos brasileiros, mas não tão desproporcional. Viracopos, em Campinas, por exemplo, tem uma proporção de 2,5. O Eduardo Gomes, em Manaus, de 1,6. Só que há também aeródromos que invertem essa lógica. Porto Alegre, Recife e Salvador enviam mais carga do que recebem.
Tem muito a ver também com a região e o tipo de produtos que passa pela via aérea. Só que é nítido que o aeroporto Afonso Pena poderia carregar muito mais carga, até pela forte atividade industrial na região, inclusive próxima ao terminal.
Isso, porém, não ocorre porque a infraestrutura do aeroporto não suporta esse tipo de movimentação. Com uma pista de 2.215 metros de comprimento, a quase mil metros de altitude, um avião cargueiro não consegue decolar com capacidade sequer perto da máxima. Nem Boeing 747, nem Boeing 777, nem MD-11, nem Boeing 767, nem Airbus A330. Esses todos operam no Afonso Pena, mas sempre com restrições.
Essas limitações fazem com que as empresas exportadoras do Paraná optem por enviar carga por via terrestre para São Paulo e, de lá, partir de avião para outros países.
A solução, claro, é a construção de uma terceira pista, com pelo menos 3.200 metros de comprimento para diminuir as restrições e permitir que aviões decolem com mais peso e para mais longe.
A terceira pista, diga-se de passagem, vale não só para as operações de carga, mas para todos os movimentos, inclusive regulares de passageiros. É uma forma de otimizar os pousos e decolagens no aeroporto, que tem apenas um sistema razoável de pistas. O empreendimento segue em estudos e não tem previsão alguma de sair do papel.
A tendência é que o Afonso Pena seja entregue à iniciativa privada em 2015, o que poderia mudar esse cenário. Além da pista (que depende também da desapropriação de terrenos por parte do poder público), certamente haveria melhores no terminal de cargas atual e nas posições no pátio.