A Airbus fez um movimento que poucos esperavam, mas que várias companhias aéreas, principalmente as dos Estados Unidos, desejavam há tempos: um substituto para o Boeing 757-200.
O Airbus A321LR, anunciado na última semana é uma versão modificado do A321neo e pretende fechar a lacuna deixada pelo concorrente norte-americano.
O 757 foi uma bela sacada na década de 1980. A grosso modo, era uma versão estendida dos Boeings 737, com corredor único e capacidade para mais de 200 passageiros. E tinha alcance para ligar os EUA e a Europa. Durou até 2004, quando as famílias 737 e A320 cresceram de tamanho e na quantidade de assentos. E o 757 ficou caro para as empresas.
Até agora, nenhum avião de corredor único tinha como substituir o Boeing 757 por causa do alcance. Em geral, ficava na casa das 3 mil milhas náuticas (5,5 mil quilômetros). O que a Airbus fez foi aumentar o alcance para 4 mil milhas náuticas (7,4 mil quilômetros), muito próximo do que o 757 é capaz de chegar.
Para conseguir isso, o fabricante europeu vai instalar um tanque extra de combustível no porão da aeronave (no A321neo ‘comum’, o tanque fica na asa). Além disso, vai fazer alterações na fuselagem e na asa. O máximo possível para deixar o avião mais leve.
A configuração proposta é para 206 passageiros em duas classes. As primeiras entregas estão previstas para 2019, inicialmente para a Air Lease Corporation (ALC), empresa de leasing, que encomendou 90 unidades do modelo.
O principal mercado para o A321LR é o do Atlântico Norte, entre os Estados Unidos e a Europa. Isso em rotas com demandas não tão altas, fugindo dos principais centros.
No Brasil, é possível vislumbrar um mercado razoável para o A321LR, em especial em rotas para os Estados Unidos. A Gol, por exemplo, que voa para Miami a partir de São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, não precisaria fazer escala em Santo Domingo (República Dominicana), o que ocorre hoje com o Boeing 737-800.
Até mesmo rotas para a Europa seriam possíveis partindo do Nordeste. De Salvador ou Recife, daria para chegar com certa tranquilidade a Lisboa ou Madri.
Em qualquer um dos casos, seja para os EUA ou Europa, operar o A321LR custaria menos do que um avião para mais de 300 passageiros. E poderia encaixar melhor a oferta na demanda de algumas rotas.
Claro que também tem seu lado ruim. De alguma forma as companhias aéreas teriam de restringir o despacho de bagagens, já que o espaço no porão que seria destinado às malas abrigará o tanque extra de combustível.
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