A Azul recebeu o primeiro A320neo nesta quinta-feira (Foto: Divulgação/Airbus)
Em um período de menos de dois meses, Avianca, Azul e Latam entraram para o rol das companhias aéreas que contam com o Airbus A320neo em suas respectivas frotas.
Um passo que deixa o trio com o que há de mais moderno e avançado na categoria de aeronaves de corredor único. E todas à frente da Gol, que deve receber somente em 2018 os primeiros Boeing 737 MAX, o concorrente direto do avião europeu, que ainda está em fase de testes.
A Latam foi a primeira a incorporar o A320neo (30/8) e a única, por enquanto, a operar a aeronave regularmente. Na sequência vieram a Avianca (13/10) e Azul, que nesta quinta-feira (20) recebeu seu primeiro avião do modelo – estas duas ainda não colocaram o A320neo na malha de rotas.
A incorporação do A320neo colocará a Azul, aos poucos, em nível de igualdade em questão de capacidade frente aos concorrentes. Até agora, a aeronave de maior capacidade na frota era o Embraer E195, que transporta 118 passageiros. O avião da Airbus carrega 174.
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A Avianca vai colocar em breve seu A320neo em operação (Foto: Divulgação/Airbus)
“Esta aeronave, de maior capacidade operacional, permitirá à Azul ampliar ainda mais a oferta de assentos em rotas estratégicas”, disse o presidente da empresa, Antonoaldo Alves.
As três companhias brasileiras, juntas, têm 180 encomendas para aviões da família do A320neo, sendo boa parte do A321neo, versão mais longa e com maior capacidade:
> Avianca – 62 (não há distinção de modelo na encomenda)
> Azul – 63 (53 A320neo e 10 A321neo)
> Latam – 55 (36 A320neo e 19 A321neo)
Em operação
O primeiro voo regular do A320neo nas cores da Latam ocorreu em 19 de setembro. Em pouco mais de um mês de operação, as impressões da companhia sobre a aeronave são muito boas.
“Os pilotos da Latam avaliam a pilotagem do A320neo semelhante a do modelo atual do A320. Contudo, já observam que a aeronave é mais silenciosa, tanto na cabine de passageiros quanto no cockpit (cabine de comando)”, informou a empresa via assessoria de imprensa, a pedido da reportagem.
De acordo com a fabricante europeia, a redução de ruído dos motores pode chegar a 50%.
Outro aspecto já comemorado pela Latam é o consumo de combustível, mais baixo em relação aos aviões da geração anterior. “A redução no consumo de combustível também foi bastante relevante e notada pelos tripulantes, principalmente na etapa de voo em cruzeiro”, comunicou a companhia.
O A320neo está voando regularmente nas cores da Latam desde setembro (Foto: Divulgação/Airbus)
Segundo a Latam, a economia de combustível varia entre 15% e 19% nos voos com duração de 1h30 a 3 horas – comparando com os atuais A320. São cerca de 1 mil kg a menos de querosene de aviação. Levando-se em conta que esse é o principal gasto das empresas aéreas, é um ponto fundamental.
Esse melhor desempenho é devido tanto aos sharklets (estruturas aerodinâmicas) na ponta das asas e aos novos motores.
Motores
Para chegar a esses números, porém, a Airbus precisou virar um jogo que estava difícil de vencer. A fabricante teve problemas significativos durante o período de testes, não entregando o prometido na totalidade, principalmente as aeronaves equipadas com motores Pratt & Whitney, caso da Latam.
Esses obstáculos, aliás, exigiram atualizações de software e de sistemas e atrasaram a entrega dos primeiros exemplares. A Qatar Airways, que seria a cliente de lançamento, se recusou a receber o avião enquanto todos os problemas não forem resolvidos, chegando a cancelar alguns pedidos e ameaçar comprar aeronaves da concorrente Boeing.
Como a Latam recebeu a aeronave no final de agosto, os avanços são significativos. “O motor do primeiro A320neo da Latam foi instalado pela fabricante já com as soluções para esses problemas. Desta forma, o tempo gasto para ignição do A320neo da companhia já é consideravelmente menor do que o verificado nos primeiros motores [do modelo] PW1000”, confirmou a empresa.
A Azul, da mesma forma, já está com a aeronave com essas mesmas atualização. No caso da Avianca, não houve esse problema. Isso porque a empresa optou pelo A320neo equipado com motores LEAP-1A da CFM International.