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Brasil ainda sofre com alta concentração no mercado da aviação comercial

TAM tem 38,07% de participação no mercado doméstico de aviação comercial do Brasil (Foto: Marcio Jumpei / Divulgação TAM) (Foto: )

A aviação comercial no Brasil se desenha cada vez mais para a redução no número de companhias aéreas e o predomínio de quatro delas: Avianca, Azul, Gol e TAM. É um cenário que mostra certa competitividade, mas com grande concentração de mercado. Poderia ser melhor.

Essas quatro principais representam 99,29% do mercado doméstico, no acumulado de janeiro a junho de 2014, segundo os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além disso, as duas maiores, Gol e TAM, somam 74,17% de market share. É muita concentração para apenas duas empresas aéreas.

Gráfico com market share de companhias aéreas do Brasil em 2014

Market share de companhias aéreas no Brasil, acumulado jan/jun 2014 (Fonte: Anac)

Dificilmente nos próximos anos veremos esse cenário mudar, exceto pela penetração maior da Azul e da Avianca, que podem “roubar” parte do mercado de TAM e Gol. Além disso, por ser um setor muito complexo e com alta demanda de investimentos, não há muito espaço para novas companhias aéreas capazes de rivalizar com as atuais.

Claro que já teve situação pior, de concentração exagerada. E recentemente. Voltemos para 2008, ano em que TAM e Gol/Varig dominavam 92,76% do mercado de transporte aéreo regular de passageiros. Não havia concorrência, o que começou a mudar com a entrada da Azul e o crescimento da Avianca, ex-OceanAir.

Há o outro lado também. No início dos anos 2000 a aviação comercial brasileira não vivia momentos muito bons economicamente, com o fechamento de companhias aéreas tradicionais, como a TransBrasil e a Vasp. Mesmo assim, do ponto de vista da concorrência, havia mais opções para os passageiros e a divisão das riquezas era mais igual.

Em 2000, seis empresas aeroviárias tinham mais de 10% do mercado. Quem detinha a maior fatia era a Varig, com 32,51%. Só que para dividir o bolo havia a TAM, TAM Regional, TransBrasil, Rio Sul e Vasp.

Gráfico com market share de companhias aéreas do Brasil em 2000

Market share de companhias aéreas no Brasil em 2000 (Fontes: DAC e Anac)

Há um indicador chamado de Herfindahl-Hirschman Index (HHI), que mede o grau de concentração em um determinado setor da economia. Há quatro faixas. Abaixo de 100 indica um mercado muito competitivo, abaixo de 1.500 trata-se de um mercado não concentrado, entre 1.500 e 2.500 indica uma concentração moderada e acima de 2.500 temos uma alta concentração de mercado.

O Brasil está nessa última faixa. O que não é bom. O cálculo mostra que a partir de 2012 há um ligeiro aumento desse índice, já que algumas empresas acabaram fechando ou foram adquiridas por outras, como a Pantanal pela TAM, a Webjet pela Gol ou a Trip pela Azul. Levando junho de 2014 como base, o índice HHI é de 3.107.

Como havia dito anteriormente, já foi pior. Em 2008, com só a TAM e a Gol no mercado, o índice bateu 4.348. Da mesma forma, também já tivemos um panorama mais interessante e competitivo. Em 2000, por exemplo, o índice era de 1.865, o que indicava um mercado de moderada concentração. Não era o melhor dos mundos, mas havia uma competição mais acirrada, uma divisão maior.

Gráfico com evolução da concentração de mercado de empresas aéreas no Brasil

Evolução de concentração de mercado de companhias aéreas do Brasil pelo índice HHI entre 2000 e 2014 (Fontes: DAC e Anac)

A partir daqui vale a comparação com os principais mercados domésticos de aviação. A Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) reuniu os 20 maiores e temos um Brasil no meio do caminho.

Na ponta do mercado não concentrado, Estados Unidos, China e Espanha. Logo depois aparecem Índia, México, e Reino Unido como mercados de concentração moderada. E daí para cima vêm os países com baixa competitividade, claro, com graus muito diferentes. Por exemplo, Colômbia e Canadá estão no extremo da mínima competitividade.

Gráfico de concentração de mercado de aviação doméstica no mundo

Concentração de mercado doméstico de aviação comercial pelo índice HHI entre 2012 e 2013 (Fonte: Abear)

Vale lembrar que o transporte aéreo de passageiros, por natureza, é um setor que tende a ter um grau de concentração de médio para cima, até pela demanda financeira que a atividade exige. A questão é, o quanto é possível reduzir essa realidade.

Como “bônus”, deixo abaixo o cenário das companhias aéreas dos Estados Unidos, onde há competitividade de fato. A empresa com mais participação, a Delta, tem 16,5%, com outras três acima de 10%. Só que há muitas outras para dividir os 100%.

Gráfico com market share de companhias aéreas dos Estados Unidos

Market share de companhias aéreas nos Estados Unidos no acumulado entre jun/2013 e mai/2014 (Fonte: Bureau of Transportation Statistics)

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