A Avianca Brasil ingressou oficialmente na Star Alliance nesta quarta-feira (22). Um passo importante para a companhia área que só cresce desde 2010, ano em que tinha 2,54% do mercado doméstico. Hoje abocanha 9%, no acumulado de janeiro a maio de 2015.
Em um momento de estagnação econômica no Brasil, a aliança internacional cai como uma luva. Tanto que a previsão da empresa é continuar crescendo, muito em razão dos passageiros das outras 12 companhias aéreas que formam a Star Alliance. E sem precisar reduzir o quadro de funcionários.
Ano importante para a Avianca Brasil, que passa a operar somente aeronaves da Airbus (A318, A319, A320 e A330F, este cargueiro) diante da retirada dos Fokker 100 da frota. Aumenta, assim, a oferta de assentos.
O blog Aviões em Foco conversou com o vice-presidente da Avianca Brasil, Tarcísio Gargioni, sobre o momento atual da empresa e os próximos passos em um cenário de incerteza.
De que forma a Avianca Brasil dimensiona a importância da entrada na Star Alliance?
A importância é muito grande porque nos conectamos com a maior aliança de companhias aéreas do mundo. Isso significa que nosso cliente, além de voar conosco, pode voar para qualquer lugar com as 28 companhias que fazem parte da Star Alliance. Principalmente os clientes do programa de milhagens Amigo, que poderão resgatar pontos ou usá-los em programas de outras empresas. Isso mudar o nosso patamar e o nosso horizonte.
A empresa está preparada para atender a demanda que deve crescer com passageiros de outras aéreas da Star Alliance?
Estamos bem preparados. Vamos ter em algum momento a demanda dos clientes dessas companhias que passarão a voar conosco. Mas é um processo gradual, não é algo instantâneo. Não sabemos ainda a dimensão disso, mas com certeza haverá um aumento. É uma demanda que não tínhamos.
A entrada na aliança dá um fôlego para a Avianca Brasil crescer em um momento de retração da demanda doméstica?
Vamos continuar crescendo porque vamos aumentar o tamanho dos aviões e teremos essa demanda adicional. Mas no mercado doméstico, a demanda realmente está bem retraída por conta do mercado corporativo, que é a maioria não só para a Avianca, mas para todas as outras companhias aéreas.
É possível visualizar um ambiente no médio prazo para a normalização da demanda doméstica?
É difícil prever porque o índice de incerteza é alto e depende ainda de algumas decisões do governo. Na hora em que o ajuste econômico ficar mais claro, que as empresas conhecerem as regras do jogo, todo o empresariado vai ter confiança para fazer planejamento. Enquanto isso não ocorrer, fica difícil estabelecer um plano. Nós temos que ser criativos e trabalhar mais para passar por esse período.
Para passar por esse período, a Avianca Brasil vai cortar postos de trabalho?
Não temos nenhum plano de demissões, até porque estamos prevendo crescimento.
E o plano de renovação da frota permanece no mesmo ritmo, com a retirada dos Fokker 100 e padronização com aviões da Airbus?
O nosso plano foi definido há cinco anos atrás. Vamos fechar esse ano com oito novos Airbus A320. Recebemos cinco e ainda faltam três, que chegam até o final de setembro. Vamos operar de maneira bem eficiente os 41 aviões que teremos quanto terminarmos a troca dos aviões de 100 lugares [Fokker 100] por outros de 162 [Airbus A320].
Para 2016, há planos para novos aviões?
Ela vai expandir de acordo com as demandas que vão surgindo.
A carta de intenção para a compra de 62 Airbus A320neo assinada em junho vai se transformar em um pedido firme?
Isso ainda está no campo dos memorandos de intenção, vamos esperar o momento certo para formalizar. Isso é um plano para 2019 e 2020 para frente. Mesmo assim devemos ter uns dois Airbus A320neo na frota no ano que vem, independente do memorando.
A Avianca Brasil pode usufruir de pedidos da Avianca Holdings [grupo que também controla a Avianca da Colômbia]?
Sempre existe a possibilidade de usar um plano maior de compra para dividir entre as duas, desde que o avião seja adequado para nós também.
Existe alguma possibilidade de a Avianca Brasil fazer parte da Avianca Holdings?
Para frente tudo é possível, mas vai depender das oportunidades que surgirem. Se houver fatos relevantes para decidir avançar nessa aproximação, o grupo controlador vai decidir o que fazer. É um processo evolutivo que não dá para dizer com certeza agora. Hoje existe uma proximidade muito grande, quase natural, até pelos acionistas, tanto que nos chamamos de primos.